26 de setembro de 2016

ALIMENTAÇÃO PARA OSTEOPOROSE

Olá Pessoal!
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osteoporose é um distúrbio caracterizado pela redução da massa óssea, levando a um aumento da fragilidade esquelética e do risco de fraturas. É uma anormalidade no processo de remodelação óssea sistêmica, com desequilíbrio no acoplamento entre a formação e a reabsorção óssea, privilegiando a última. É uma doença óssea metabólica comum, com predominância em indivíduos idosos e mulheres com deficiência estrogênica.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) define a osteoporose como uma doença metabólica óssea sistêmica, caracterizada por diminuição da massa óssea e deterioração da microaquitetura do tecido ósseo, com consequente aumento da fragilidade do osso e da suscetibilidade a fraturas. Na osteopenia, também ocorre perda de massa óssea, porém sem comprometimento da microarquitetura. A redução da massa óssea é um fenômeno natural fisiológico e não patológico, mas que pode levar ao desenvolvimento da osteoporose.

Entre as causas primárias da osteoporose, estão a predisposição genética, carências alimentares, baixa exposição solar, sedentarismo, degeneração secundária ao envelhecimento, e deficiência estrogênica em mulheres na menopausa. Na verdade ela é uma doença multifatorial, envolvendo fatores comportamentais, alimentares e hormonais.

Diversos medicamentos podem ser considerados como indutores da osteoporose, tais como: corticosteroides, metotrexato, antiácidos, inibidores da bomba de prótons, heparina, dicumarínicos, fenobartibal, diuréticos, laxantes, fenitoína e carbamazepina, antibióticos.

Embora seja mais comum a manifestação da osteopenia e osteoporose em pessoas acima de 50 anos, atualmente há aumento de sua incidência em jovens.

Uma ampla avaliação das causas deve ser feita, pois este fato pode ocorrer devido a uma síndrome de má absorção. Doenças alérgicas, principalmente as classificadas como tardias, normalmente causadas por má digestão proteica (proteínas do leite de vaca, da soja, do trigo ou qualquer outro alimento que a pessoa seja sensível) podem causar alterações na permeabilidade intestinal e no equilíbrio da microbiota levando a disbiose. Erros no comportamento alimentar podem levar a carências nutricionais de vitaminas, minerais e ômega 3. Excessos de fatores antinutricionais que podem comprometer a absorção, utilização e excreção de cálcio e outros nutrientes. Se esses fatores forem associados ao uso crônico de medicamentos que interferem com a biodisponibilidade dos micronutrientes, podem interferir na remodelação óssea, agravando a situação.

O pico de massa óssea é um preditor de osteoporose mais importante do que o ritmo de perda de massa óssea relacionada com a idade. Assim, maximizar o pico de massa óssea pode ser considerado como principal estratégia na prevenção.

A síntese óssea predomina nas crianças. No adulto o pico da massa óssea ocorre provavelmente entre os 20 e 35 anos. Com o envelhecimento, naturalmente perdemos massa óssea, pois há um aumento da reabsorção. O processo natural desta perda começa aproximadamente a partir dos 40 anos, mas pode progredir mais rápido nas mulheres, devido a diminuição dos hormônios como estrogênio. Mas isso não significa que automaticamente haverá a incidência de osteopenia ou mesmo osteoporose. Simplesmente a densidade da massa óssea naturalmente será menor do que a do adulto jovem.

A prevenção da osteoporose se faz através de uma alimentação equilibrada, com quantidade de calorias adequada e suplementação não só de cálcio, mas também de todos os nutrientes envolvidos na sua absorção. A atividade física regular também é importante para garantir uma reserva suficiente de massa óssea, protegendo o esqueleto contra as perdas futuras.

O adequado consumo de cálcio é considerado um fator protetor contra a osteoporose. Porém um dos fatores que pode levar ao desenvolvimento de osteoporose, apesar de envolver o cálcio, não está exclusivamente relacionado ao baixo consumo do mesmo. Acontece que a baixa ingestão de cálcio e outros nutrientes envolvidos na mineralização óssea se associado a uma baixa eficiência de absorção e uma alta perda pelo organismo, irá provocar uma redução na reserva de cálcio e sua fixação no osso, levando a fragilidade óssea.

O fósforo por exemplo, deve estar presente no organismo em uma concentração adequada para que se tenha uma boa mineralização óssea, o seu excesso (dietas ricas em chocolate, carnes, refrigerantes, ketchup, mostarda) interfere de forma negativa nesse processo.

Muitos nutrientes são necessários para à formação óssea, como vitamina, minerais, aminoácidos, pré e próbióticos. Portanto, o déficit de qualquer um desses nutrientes comprometerá as funções do cálcio. O desenvolvimento de uma osteoporose não significa que o organismo apresenta uma deficiência de cálcio e sim que o cálcio teoricamente destinado a formação óssea está sendo utilizado em outro local. Além disso, o acúmulo de cálcio pode levar a microcalcificações, desenvolvendo inclusive artrite. Ou ele pode se depositar em tecidos moles, causando o endurecimento das artérias por microcalcificação das mesmas. O excesso de cálcio pode aumentar a pressão arterial, promover formação de cálculos de oxalato de cálcio nos rins...entre outros problemas. Por outro lado a carência de um ou mais nutrientes necessários ao processo de mineralização óssea prejudica a utilização efetiva do cálcio.

Portanto, ao se prevenir ou tratar a osteoporose a preocupação deve ser com a biodisponibilidade do cálcio e não apenas se ele é bem absorvido, levando em consideração a presença de todos os nutrientes necessários e ainda outros fatores que prejudicam esse processo. A presença de grande quantidade de proteínas de origem animal, excesso de gordura saturada, fosfatos, álcool, açúcar refinado, ácido oxálico, fibras insolúveis e cafeína também comprometem a absorção do cálcio ou aumentam a sua excreção pelas fezes e urina.

Com relação ao consumo proteico, há duas situações: a baixa oferta proteica pode determinar perda de massa óssea por interferir na síntese normal da matriz proteica óssea, além de reduzir os níveis de fatores peptídicos de crescimento e enzimas reguladoras de todo o processo de formação óssea. Já o excesso de proteínas, principalmente de origem animal gera grandes quantidades de radicais ácidos, que são excretados pela urina na forma de sais de conjugação com cálcio, utilizando portanto esse mineral como forma de tamponamento ácido. Por outro lado uma dieta rica em vegetais e frutas fornece os radicais básicos que podem neutralizar o ácido proveniente do metabolismo proteico, sem afetar o metabolismo de cálcio. Esse aspecto pode sugerir uma certa proteção aos vegetarianos com baixa ingestão de cálcio alimentar.

O consumo excessivo de cafeína presente no café, bebida energéticas, chá mate, chá preto e refrigerantes aumenta a excreção urinária de cálcio, conferindo um risco adicional ao desenvolvimento da osteoporose. O excesso de sal também pode causar o mesmo efeito.

Bebidas alcoólicas em excesso também são prejudiciais ao tecido ósseo, devido aos efeitos adversos sobre o metabolismo de proteínas, comprometimento das funções gonadais e por uma ação tóxica direta sobre os osteoblastos.

Temos que tomar cuidado com a suplementação isolada de cálcio, principalmente em altas doses, pois a osteoporose nem sempre é causada somente pela falta de cálcio, visto que são necessários outros nutrientes (já dito anteriormente) como o magnésio para a formação de massa óssea. Isso é tão sério que devemos ter atenção especial. Um exemplo: o excesso de cálcio gera depleção de magnésio, mineral associado à a formação de serotonina, se há menos magnésio, há menos serotonina, podendo gerar depressão.

O estrogênio também exerce um importante papel na manutenção do cálcio no osso. A queda da concentração deste hormônio na menopausa é um dos fatores que atua na reabsorção óssea, aumentando a incidência de osteoporose.

A dieta alimentar para prevenção da osteoporose deve ser rica em frutas, cereais integrais e vegetais ricos em cálcio como o espinafre, brócolis, couve rúcula, todos os vegetais verde escuros. Além de carnes e laticíneos, sempre respeitando as alergias e intolerâncias individuais. O sol é importantíssimo para a síntese de vitamina D, a qual é fundamental para a fixação do cálcio no ossos.

As fontes de cálcio disponíveis na natureza são variadas e principalmente as de origem vegetal, são ricas em todos os nutrientes que trabalham em conjunto com o cálcio, otimizado sua biodiponibiliade. São elas: produtos lácteos, tofu, quinoa, amaranto, gergelim, leguminosas, repolho, couve, sardinha, folhas de nabo, mostarda, todos os vegetais verde escuros.

Para a prevenção ou tratamento da osteoporose uma alimentação equilibrada e nutritiva é o carro chefe e algumas dicas são importantes:

  • Dar preferência aos alimentos mais naturais, evitando ao máximo os industrializados;
  • Alimentar-se calma, mastigando bem os alimentos;
  • Consumir salada verde crua no almoço e no jantar;
  • Beber muita água ao longo do dia; mas evitar líquidos com as refeições;
  • Consumir frutas in natura, de preferência orgânicas;
  • Variar os alimentos o máximo possível;
  • Evitar cafeína, álcool e açúcar;
  • Evitar o excesso de proteínas animais;
  • Evitar o excesso de sal.

A atividade física regular é um fator importante pela geração de forças de tesão muscular, com estímulo constante à neoformação óssea. Quanto mais precoce for iniciada a atividade, maior o pico de massa óssea que se atinge até os 30 anos. Os exercícios estimulam a liberação de hormônios responsáveis pela incorporação do cálcio no osso, e indiretamente ao aumentar a força muscular e a coordenação ajuda a evitar quedas e a dar mais sustentabilidade aos ossos.

Mais importante do que ingerir grandes quantidades de cálcio é consumir equilibradamente todos os nutrientes e manter bons hábitos alimentares, além de evitar o sedentarismo.

Um abraço e até a próxima!

Fontes: Tratado de alimentação, nutrição e dietoterapia, 2007; Nutrição Clínica Funcional: Suplementação Nutricional, 2012; Suplementação Nutricional na Prática Clínica, 2015;  Cálcio, na forma, na medida e no lugar certo, 2011.

2 de agosto de 2016

NUTRIÇÃO NA CIRURGIA BARIÁTRICA

Olá pessoal!!

                     

O assunto hoje é sobre um procedimento que está cada vez mais comum entre as pessoas que sofrem com a obesidade e procuram uma solução definitiva para o problema. Vários pontos precisam ser abordados antes da decisão de fazer uma cirurgia bariátrica. 

A obesidade é caracterizada pelo excesso de peso e mais especificamente pela desproporção do excesso de gordura corporal. A sua prevalência dobrou na última década e tem aumentado cada vez mais no mundo inteiro, tornando-se  preocupação de saúde pública.

A obesidade mórbida é classificada quando o indivíduo apresenta índice de massa corporal (IMC) maior ou igual a 40kg/m2, ou quando o individuo apresenta 50kg acima da média de peso esperado para sua altura. É o grau mais sério de excesso de peso e está relacionado a diversas condições prejudiciais a saúde, piorando a qualidade de vida, o desempenho no trabalho e o relacionamento social. Entre as doenças associadas a obesidade podemos citar: diabetes, hipertensão, câncer, apnéia do sono, artrose, dislipidemias, etc.

A obesidade mórbida é uma condição crônica difícil de ser tratada, sendo necessário acompanhamento multiprofissional. Em geral os pacientes apresentam uma longa história de excesso de peso e várias tentativas frustadas de tratamentos. Em razão desses transtornos e comorbidades muitos recorrem a cirurgia bariátrica. O principal objetivo da bariátrica é reduzir as  comorbidades que podem surgir com a obesidade. 

No entanto, a indicação deve se criteriosa e somente para aqueles pacientes que realmente se encaixam no perfil de necessidade desse tipo de cirurgia. As indicações são para pacientes que apresentam IMC maior ou igual a 40kg/m2, que tenham tratamento clínico por mais de dois anos consecutivos sem sucesso. Devem apresentar uma ou mais comorbidades (nesse caso pacientes acima de 35kg/m2 já podem ser indicados).

As contraindicações para a realização dessa cirurgia são: risco de mortalidade, idade inferior a 18 anos e superior a 65 anos, retardo mental, transtornos psiquiátricos, dependência de álcool ou drogas, depressão, cirrose hepática, doenças renais, disfunções hormonais, gestação, hérnia hiatal volumosa, varizes esofágicas, doenças do trato digestivo superior e doença cardio-pulmonar severa. 

Há três tipos de cirurgia: restritivas, desabsortivas e mistas. As primeiras promovem perda de peso porque causam saciedade precoce e restringem a ingestão de alimentos. As técnicas desabsortivas funcionam pela redução expressiva do segmento intestinal capaz de absorver nutrientes. Já as mistas restringem a ingestão alimentar, além de promover absorção de parte dos nutrientes ingeridos. Os principais procedimentos operatórios atualmente são:


  • Restritivas (visam diminuir a capacidade volumétrica do estômago): Banda gástrica ajustável e Gastroplastia vertical com bandagem
  • Desabsortivas (objetivam atingir a perda de peso pela incapacidade do intestino de absorver nutrientes): Derivação biliopancreática de Scopinaro e Duodenal Switch.
  • Mista (associação das duas modalidades anteriores): Bypass gástrico em Y de Roux


Na Banda gástrica ajustável coloca-se uma prótese anelar em torno do estômago, acoplado a um dispositivo que permite inflar a banda, aumentando ou diminuindo a restrição.  A Gastroplastia vertical assemelha-se  a primeira. O Bypass gástrico em Y de Roux é feito com anel de silicone, possui reservatório gástrico de 20ml, cujo esvaziamento é controlado por anel externo e estreito, dando a sensação de saciedade precoce. O desvio do trânsito alimentar, evitando o duodeno e jejuno proximal é responsável pela desabsorção de lipídeos, carboidratos, vitaminas, ferro, cálcio (chamado de Capella). A derivação biliopancreática consiste em uma gastrectomia parcial, criando um reservatório de 200 a 500ml, o que provoca pequena restrição. Um longo desvio intestinal permite absorção de nutrientes em um pequeno segmento intestinal.

Dependendo do tipo de cirurgia alguns efeitos colaterais são muito comuns: diarréia crônica, flatulência, má absorção de nutrientes, síndrome de dumping (esvaziamento gástrico muito rápido devido a ingestão de açúcar, gordura ou leite e derivados - a alta concentração de açúcar e a sua chegada muito rápida ao intestino faz com que ele absorva água do organismo para diluir esse açúcar, causando a síndrome).

As cirurgias envolvendo restrição alimentar e/ou má absorção dos nutrientes induzem a perda de peso rápida, mas também são associadas com riscos nutricionais. Portanto, o tratamento nutricional na cirurgia bariátrica tem como objetivo promover a perda de peso saudável e prevenção do desenvolvimento de deficiências nutricionais por meio de uma reeducação alimentar, levando modificação no comportamento alimentar e no estilo de vida desses indivíduos. Além da redução de comorbidades e melhora da qualidade de vida. O paciente deve ser acompanhado antes, durante e pós cirurgia. Lembrando que este paciente deve ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar: médico, nutricionista, psicólogo, fisioterapeuta.

Qualquer que seja a técnica cirúrgica devemos lembrar que a cirurgia por si só não promove mudança real e efetiva nos hábitos alimentares e comportamentais do paciente. O acompanhamento nutricional e psicológico são fundamentais para tal. A obesidade não é apenas o resultado do aumento da ingestão de alimentos, assim como a bariátrica não é uma solução isolada para a perda de peso permanente. O objetivo do acompanhamento nutricional é uma nutrição celular adequada, que vai além das recomendações de consistência da dieta, necessidade de mastigação e valor calórico. É preciso mudar o processo que desenvolveu a obesidade. 

No pós operatório a baixa ingestão calórica e a diminuição da absorção de nutrientes por um longo período podem acarretar deficiências de macro e micronutrientes, por isso o processo alimentar é a base do tratamento. O programa de realimentação leva em consideração a progressão da consistência em fases e o progresso de volumes pequenos para volumes maiores. A evolução da alimentação deve ser realizada de forma gradativa e bem monitorada, aumentando-se a consistência e o volume ao longo de 2 meses.

No pós operatório imediato (quando liberada a alimentação) o paciente pode ingerir pequenos volumes de água, progredindo para dieta com líquidos claros. Após a alta hospitalar, com o retorno da função intestinal, o paciente permanece com dieta de líquidos claros por mais 4 dias (totalizando 1 semana pós cirurgia).  Após esse período inicia-se a fase da dieta líquida, para adaptação a pequenos volumes e repouso gástrico, permanecendo por 15 dias. Na 4ª semana pós cirurgia realiza-se a transição para dieta pastosa, a qual dura mais 15 dias. A terceira fase corresponde a dieta branda, com duração de também 15 dias, e após, a dieta torna-se de consistência normal, porém com volumes controlados. A mastigação e a escolha correta dos alimentos fontes de nutrientes são fundamentais para o sucesso dessa transição. Os alimentos industrializados devem ser evitados e uma alimentação mais natural possível é de extrema importância para fornecimento de nutrientes adequados. 

No pós operatório  pode ocorrer a desidratação pela redução da ingestão de líquidos, decorrente da dificuldade  de ingerir grandes quantidades, além dos frequentes episódios de fezes líquidas, eventos de vômitos e diarreias, ocasionando perda fluídica. Quando a hidratação não é suficiente poderá acarretar a formação de nefrolitíase, pelo aumento transitório de ácido úrico, decorrente da perda de peso rápida. É indicado a ingestão se 2000ml de líquidos ao dia, distribuídos em pequenos volumes por vez.

As necessidades proteicas em pacientes pós bariátrica são aumentadas, pois principalmente nas cirurgias desabsortivas, a proteína pode ser perdida nas fezes. A suplementação proteica muitas vezes é necessária.

Nas cirurgias de Bypass gástrico e derivação biliopancreática, a ingestão de carboidratos de absorção rápida e açúcares pode causar a síndrome de dumping, caracterizada por mal estar pós-prandial, fraqueza, taquicardia, sudorese e vertigem. Alguns pacientes pós bariátrica também podem apresentar intolerância a lactose, devendo-se excluir leite e derivados.

As gorduras polinsaturadas e monoinsaturadas devem ser ingeridas para prevenção de deficiências dos ácidos graxos essenciais, as quais se caracterizam principalmente por alopécia pós operatória.

Algumas deficiências de vitaminas e minerais são comuns causando anorexia, náusea, vômito, ansiedade, depressão, anemias, queda de canelo, unhas fracas, pele ressecada, alteração de paladar. Portanto o cuidado com a suplementação de nutrientes deve ser dobrado. Técnicas mistas e desabsortivas podem favorecer as carências nutricionais.

A suplementação é necessária, pois somente com a alimentação é inviável atingir um mínimo necessário de nutrientes para manter as funções orgânicas, quanto mais para otimizar esses processos, buscando sempre o funcionamento adequado do corpo. São necessários nessa suplementação nutrientes para ativação do sistema imunológico e antioxidantes (zinco, selênio, manganês, vitamina C , vitamina D, vitamina A, cobre), nutrientes precursores de neurotransmissores (magnésio, vitamina B6), nutrientes que auxiliam na eliminação de toxinas do organismo (taurina, vitamina C, molibidênio) e nutrientes que modulem a inflamação (ômega 3). 

Algumas orientações pós cirurgia são básicas, porém extremamente importantes:
  • Variedade alimentar. Não comer todos os dias a mesma coisa. Quanto mais variada a alimentação, mais nutrientes são fornecidos. 
  • Alimentar-se com calma e consciência. Prestando atenção ao que come. MASTIGAR MUITO BEM!
  • Ingerir de 2l a 3l de água ao dia e em intervalos regulares (água, água de coco, chá de ervas, sucos naturais diluídos). Evitar a ingestão de líquidos durante a refeição e na primeira hora após o seu término, facilita o processo da digestão e absorção dos nutrientes.
  • Alimentar-se a cada 2 ou 3 horas, estabelecer horários para as refeições. Não pular refeições e não beliscar entre elas.
  • Nas refeições principais utilizar todos os grupos alimentares (carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas e minerais).
  • Retirar os alimentos alérgenos.
  • Retirar alimentos com aditivos químicos (sucos em pó, gelatina prontas, temperos prontos, isotônicos industrializados).
  •  Utilizar no preparo dos alimentos, azeite de oliva e temperos naturais: cheiro verde, alho, cebola, ervas aromáticas, que podem ser utilizados a vontade.
  •  Evitar refeições volumosas, principalmente á noite.
  •  Evitar a substituição de uma refeição completa por lanches.
  • Não consumir: açúcar, balas, chocolates, achocolatados, bolachas, doces em geral, refrigerantes, bebida alcoólicas, frituras, embutidos, produtos industrializados.
  •  Evitar o consumo habitual de café, chá preto, chá mate.
  •  Evitar leite e derivados, soja, trigo, centeio, cevada, cítricos, amendoim, aspartame, glutamato monossódico e cafeína.
  • Seguir a recomendação da evolução da consistência da dieta prescrita.
Considerando-se a dificuldade de sucesso no tratamento clínico da obesidade, a cirurgia bariátrica pode se uma opção de tratamento. Porém, a indicação deve ser criteriosa e a atenção nutricional permanente, desde o pré-cirúrgico e até pelo menos um ano após a cirurgia. O acompanhamento multiprofissional em todas as etapas desse processo é a peça chave para o sucesso do paciente!

Um abraço e até o próximo post!



16 de maio de 2016

ALIMENTAÇÃO NA MENOPAUSA

Olá Pessoal!

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Todas nós mulheres um dia enfrentaremos a tão temida Menopausa.... Por isso é importante pensar nela desde cedo, principalmente quando nos referimos a alimentação. O que comemos pode nos ajudar a ter uma menopausa mais tranquila, principalmente em relação aos seus sintomas tão inconvenientes. 

As mulheres em sua maioria passam por regularidade menstrual a maior parte da vida reprodutiva. Após esse período inicia-se a irregularidade do ciclo menstrual que resultará na cessão permanente da menstruação e perda da função folicular ovariana, consequentemente perda da capacidade reprodutiva. Chamada Menopausa.

A mulheres que param sua menstruação antes de 40 anos de vida estão dentro da classificação de menopausa precoce. As causas podem ser genéticas, estresse, doenças auto-imunes, tratamento de câncer, infecções. 

A fase anterior a menopausa , a qual é caracterizada pelo início de alterações endocrinológicas, biológicas e clínicas é denominada Perimenopausa. As alterações no ciclo menstrual e na função ovariana durante essa fase são acompanhadas de importantes alterações hormonais, as quais são responsáveis por diversos sintomas característicos. Essas alterações estão relacionadas com risco aumentado no desenvolvimento de diversas desordens metabólicas. Na menopausa há pausa da produção de estrogênioDentre outros hormônios que se alteram na menopausa estão: FSH, testosterona, dihidrotestosterona, DHEA, IGF, Estradiol. 

Estradiol, testosterona, dihidrotesteosterona e DHEA são hormônios neuroprotetores por atuarem em diversas áreas do sistema nervoso central. O estradiol reduz os efeitos dos radicais livres nas células neuronais, por exemplo. Além disso ele age como neuromodulador regulando a ação de neurotransmissores como acetilcolina, serotonina, catecolaminas e dopamina. 

Essas alterações hormonais que ocorrem na perimenopausa levam a mudanças neuroendócrinas (queda de serotonina, dopamina, aumento de cortisol), as quais são gatilhos para as alterações de humor, ansiedade, depressão, insônia, enxaqueca, perda de memória, redução da concentração, entre outros problemas. 

Já na menopausa os sintomas geralmente são: ressecamento da pele, ressecamento vaginal, baixa libido, dores articulares, depressão, perda de memória, cansaço, infertilidade, perda de massa muscular e óssea, ondas de calor e retenção de líquidos. 

A mulher atinge o pico de massa óssea por volta dos 30 anos, depois disso as alterações hormonais que precedem a menopausa, ou ocorrem durante a mesma passam a exercer importante influência na redução da densidade mineral óssea. Os baixos níveis de estrogênio estão relacionados com maior probabilidade de desenvolver osteoporose. Tanto o sol quanto os exercícios físicos vão ajudar a diminuir a perda de massa óssea. Na menopausa com a redução do estrógeno a fixação do cálcio nos ossos fica prejudicada, e esse mineral precisa da vitamina D para ser absorvido, e esta precisa do sol para ser sintetizada. Os exercícios de impacto ajudam a fixar o cálcio no osso.

O risco de doenças cardiovasculares aumenta nas mulheres após a menopausa. Juntamente com as alterações hormonais durante os 3 a 5 primeiros anos da menopausa, ocorrem também mudanças metabólicas como aumento dos níveis de LDL, triglicerídeos e colesterol total, as quais associadas a uma maior deposição de gordura abdominal predispõe a mulher a um maior ricos de desenvolver doenças cardiovasculares. 

Os sintomas acontecem pela queda dos hormônios, mas com um estilo de vida saudável, atividade física, controle do estresse e uma alimentação adequada podemos reverter esses sintomas. Alguns alimentos são nossos aliados nesse momento:

- LINHAÇA: é a melhor fonte de uma substância parecida com o estrógeno, chamada de fito-hormônio (fitoestrógeno), e  ômega 3, que ajuda a combater a secura de mucosas. 

- TOFU, MISSÔ: ricos em cálcio, previnem a osteoporose e também possuem fitoestrógeno. Esses alimentos são feitos de soja fermentada que ajuda na reposição desse fitoestrógeno. Todos os alimentos ricos em cálcio podem ajudar a amenizar a perda de massa óssea.

- LEITE E DERIVADOS: importantes nessa fase, pois são fontes de cálcio. Mas atenção as pessoas alérgicas ou intolerantes!!! 

- GERGELIM: também é uma excelente fonte de cálcio e gorduras boas. 

LEGUMINOSAS: feijão, lentilha, ervilha, grão de bico. Também contém fitoestrógeno.

- ABACATE, AZEITE DE OLIVA EXTRA VIRGEM E OLEAGINOSAS: são ricos em vitamina E que ajuda a melhorar a secura nas mucosas, diminui a irritabilidade e a depressão, pois ela age nos neurotransmissores.

- CÍTRICOS em geral (limão, laranja): são fontes de vitamina C, a qual ajuda a diminuir as ondas de calor.

-VERDURAS VERDES ESCURAS: ricas em magnésio, nutriente que ajuda a relaxar, melhora a irritabilidade e também é fundamental para a absorção do cálcio.

- CARNES MAGRAS, OVOS: importantes fontes de proteínas, fundamentais para sustentação da pele. 

- FIBRAS: podem ajudar não só no funcionamento intestinal, mas também no equilíbrio do organismo como um todo. Para o aproveitamento de todos os benefícios dos alimentos citados o intestino deve estar muito saudável! 

- ÁGUA: a hidratação é de extrema importância. 

Enquanto alguns alimentos nos ajudam nessa fase, outros podem atrapalhar:

- CHOCOLATE, CAFÉ: o excesso desses alimentos que são ricos em metilxantina podem piorar ainda mais o quadro hormonal.

- SAL, BEBIDAS ALCÓOLICAS, CONDIMENTOS, GENGIBRE, PIMENTA, INDUSTRIALIZADOS: podem piorar os fogachos (calores). O sal e as bebidas alcoólicas também aumentam a retenção de líquidos, sintoma muito comum nas mulheres, principalmente na menopausa. 

- AÇÚCAR E FARINHA BRANCA: o seu excesso altera o humor, aumenta a irritabilidade e o acúmulo de gordura corporal. 

O metabolismo muda com a idade e com a menopausa, mais ainda, com a queda do estrógeno há uma redução de mais ou menos 30% no metabolismo! Há um maior depósito de gordura abdominal. Portanto atividade física é parte do tratamento. Procurar um nutricionista para adequar suas necessidades nutricionais também! Uma alimentação rica em frutas, verduras e legumes; e ao mesmo tempo pobre em gorduras ruins e alimentos processados é o primeiro passo para amenizar os males dessa fase tão difícil para nós mulheres. 

Fonte: Naves, Andrea. Nutrição Clínica Funcional: Modulação Hormonal, 2010.

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26 de fevereiro de 2016

NUTRIÇÃO E DEPRESSÃO

Olá Pessoal!!
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Escolhi como primeiro post de 2016 um assunto muito importante. Espero poder contribuir um pouco com informações sobre alimentação e depressão, já que este é um mal que vem acometendo cada vez mais pessoas nos últimos tempos. 

Os transtornos de humor são relacionados com alterações cognitivas e comportamentais, com modificações de várias regiões cerebrais. Esses transtornos são multifatoriais, englobando fatores ambientais, genéticos, estilo de vida, entre outros. Hoje vou descrever especificamente sobre a depressão.

A depressão é um transtorno de humor com grave prevalência nos países ocidentais. Estima-se que cada pessoa tem de 17 a 20% de risco de desenvolver algum episódio depressivo ao longo de sua vida. É uma patologia geralmente crônica e recorrente e que pode levar a limitações das atividades diárias e no bem-estar. 

De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde) a depressão é uma das doenças mais onerosas para a sociedade, com altos custos sociais e pessoais. A estimativa para 2030 é que ela seja a principal causa de incapacitação. 

É normal uma pessoa se sentir triste, deprimida quando ocorre algum fato inesperado, como perdas por exemplo. Mas essa redução de humor deve durar menos de duas semanas. Quando a pessoa vive esses sentimentos de tristeza por um período longo há necessidade de investigação. 

A depressão pode estar associada a várias outras doenças como diabetes, doença cardiovascular, hipertensão, acidente vascular cerebral, doenças neurodegenerativas e pode levar até ao suicídio. Quimicamente a depressão é causada por defeitos nos neurotransmissores responsáveis pela produção de hormônios como a serotonina e a endorfina, os quais trazem conforto, bem-estar e prazer. Quando existe alguma alteração nesses neurotransmissores, o indivíduo passa a apresentar sintomas depressivos. Na depressão há uma redução na quantidade de neurotransmissores liberados, mas a bomba de recaptação e enzimas continuam trabalhando normalmente. 

Os neurotransmissores são substâncias químicas produzidas pelos neurônios e sua função é transmitir uma mensagem. Eles têm papel fundamental no bom funcionamento não só do cérebro, mas também em outros órgãos. 

O diagnóstico da depressão é feito através de sintomas clínicos. Os principais sintomas são: perda de prazer por atividades que antes eram prazerosas, humor deprimido, alterações no peso, no apetite e no sono, fadiga, sentimento de culpa, dificuldade de concentração, pensamento suicida, falta de esperança, agitação psicomotora, letargia, falta de energia, etc. Para ser diagnosticada com depressão, a pessoa deve apresentar pelo menos cinco desses sintomas por pelo menos duas semanas. 

Os genes interferem em cerca e 40% no risco de desenvolver depressão, porém são os fatores ambientais os principais responsáveis pelo desenvolvimento da doença, entre eles o estresse crônico ou precoce, traumas emocionais e infecções virais. 

Pessoas com depressão apresentam uma queda nos níveis de serotonina, que é um neurotransmissor responsável pela sensação de bem estar. Ela é formada a partir de um aminoácido fornecido pela alimentação - o triptofano. No cérebro ela é produzida em pequenas proporções, apenas 2%, o restante da produção ocorre no intestino e nos mastócitos. O glutamato é um neurotransmissor essencial, mas sua transmissão deve estar em equilíbrio, pois tanto a deficiência quanto o excesso podem trazer prejuízos, e um deles é a depressão. Pacientes com depressão tem aumento nos níveis de glutamato.

A depressão também está associada com alterações das vias inflamatórias e aumento do estresse oxidativo. A relação entre depressão e inflamação ocorre  por três motivos: 1. indivíduos com depressão têm aumento dos marcadores de inflamação; 2. Doenças inflamatórias periféricas ou em nível de sistema nervoso central, como síndrome do intestino irritável, atrite reumatóide, esclerose múltipla e problemas neuro-inflamatórios aumentam o risco de depressão; 3) Pessoas em tratamento com citocinas inflamatórias também têm risco aumentado. Já no caso do estresse oxidativo, as pessoas com depressão apresentam aumentam da peroxidação lipídica ao mesmo tempo que tem menores atividade de enzimas e vitaminas antioxidantes como a vitamina C e E. 

Outra questão relacionada à essa doença é o estresse de origem psicossocial. Eventos estressantes durante a vida podem levar ao surgimento e a progressão desse transtorno de humor. O estresse acarreta alterações moleculares, efeitos celulares e mudanças morfológicas e teciduais. Essas mudanças contribuem para o aparecimento dos sintomas depressivos. 

Em estudos recentes foi demonstrado que pacientes acometidos com doenças associadas às alterações na microbiota intestinal apresentam mais sintomas depressivos. Cerca de 30% das pessoas com depressão são diagnosticadas com síndrome do intestino irritável. É de extrema importância tratar o intestino dos indivíduos com depressão.

O tratamento farmacológico da depressão muitas vezes traz efeitos colaterais como dores de cabeça, náusea, diarreia ou obstipação, ganho de peso, disfunção sexual, entre outros. Por isso tratamentos alternativos são sempre muito bem vindos. A combinação de várias terapias antidepressivas pode ser a alternativa mais eficaz para o tratamento de pessoas com depressão. Colocarei agora algumas opções nutricionais que parecem (segundo estudos científicos) melhoram o tratamento da depressão.

Há evidências que a síntese de serotonina cerebral pode ser modulada através da alimentação, por uma oferta adequada de macro e micronutrientes, entre eles as proteínas, aminoácidos isolados (principalmente Triptofano), carboidratos, vitamina B6,B9, B12 e magnésio. 

A nutrição está extremamente ligada a depressão, por alguns motivos:

- Há um declínio no consumo de verduras verdes escuras, as quais são ricas em ácido fólico (B9), de peixes (ricos em gorduras boas e essenciais)  e um aumento no consumo de alimentos cheios de açúcar;

- A depressão é considerada um desequilíbrio químico e por isso há a necessidade de conhecer a forma como o cérebro normaliza a sua própria bioquímica, usando nutrientes como precursores de neurotransmissores, como por exemplo a serotonina;

- A vida que levamos hoje é muito estressante, o que requer muito mais nutrientes para o nosso organismo manter o seu equilíbrio. O cérebro para funcionar de maneira adequada diante de tanto estresse também precisa de mais nutrientes. 

Os principais desequilíbrios como consequência de uma nutrição deficiente que podem piorar o humor e levar até mesmo a depressão são: 

- Desequilíbrio dos níveis de glicose no sangue, muito ligados ao consumo excessivo de açúcar;

- Falta de aminoácidos como o triptofano e a tirosina que são precursores da serotonina e da noradrenalina;

- Falta de vitaminas do complexo B (principalmente B6, B9 e B12);

- Falta de ácidos graxos ômega 3.

Outros neurotransmissores estão associados à depressão: dopamina, noradrenalina e adrenalina.Todos dependem de determinados nutrientes para sua formação.

Triptofano

O triptofano é um aminoácido essencial, precisamos ingeri-lo através da alimentação. As fontes desse aminoácido são: arroz, amaranto, quinoa, flocos de milho, banana, feijão, lentilha, nozes, abacate, leite. Ele é importante para regular nosso humor, sono, apetite, funções gastrointestinais e hemodinâmicas. Ele sofre reações químicas e pode originar serotonina, melatonina e niacina. 

A serotonina é um dos neurotransmissores mais alterados na depressão. A dieta com falta de triptofano está associada com aumento dos sintomas depressivos. Pacientes depressivos apresentam níveis plasmáticos menores de triptofano do que indivíduos sadios. Muitos trabalhos associam a suplementação de L-triptofano com a melhora da depressão. Essa suplementação deve ser feita de maneira correta, por exemplo, junto com um carboidrato, já que este aumenta a liberação de insulina, a qual estimulará a utilização dos aminoácidos de cadeia ramificada, diminuindo assim sua competição com o triptofano, que poderá ser melhor aproveitado. 

O grande benefício do triptofano é que ele é metabolizado a 5-HTP que depois se converterá à serotonina. Há a possibilidade de se suplementar diretamente o 5-HTP através de um fitoterápico chamado Griffonia simplicifolia. O extrato dessa semente tem altas concentrações de 5-HTP, o qual precisa apenas uma reação bioquímica para produzir serotonina e não compete com outros aminoácidos como acontece com o triptofano. 

Ômega 3

Os ácidos graxos poli-insaturados ômega 3 são essenciais a saúde. Encontrados na linhaça, na chia e em peixes de águas profundas. No cérebro são componentes fundamentais para as membranas das células do sistema nervoso  central. Várias doenças psiquiátricas estão relacionadas a deficiência desses ácidos graxos: alzheimer, parkinson, autismo, esquisofrenia, ansiedade, déficit de atenção, hiperatividade e depressão. Estudos mostram relação entre o maior consumo de peixe e menor prevalência de depressão. Pessoas com depressão apresentam níveis mais baixos de ácidos graxos ômega 3 nos eritrócitos e no plasma. 

Os benefícios do ômega 3 em relação ao tratamento da depressão são devido a uma alteração da fosforilação de diversas proteínas, efeitos nos neurotransmissores serotonina e dopamina, efeitos imunológicos, diminuição da inflamação, regulação de genes, entre outros. 

Zinco 

Este mineral está presente em todos os tecidos do corpo, inclusive no sistema nervoso central, é de extrema importância para a atividade neuronal e para controle das funções fisiológicas e fisiopatológicas do encéfalo. O tratamento com zinco pode produzir um efeito antidepressivo sinérgico ao tratamento da depressão. Ao mesmo tempo que sua deficiência pode levar ao agravamento do comportamento depressivo. Ele tem papel benéfico no tratamento por reduzir o estresse oxidativo e a inflamação. Ele está presente nas sementes, oleaginosas, cereais integrais, leguminosas, ovos e carnes. 

Magnésio 

O magnésio é outro mineral que tem efeito positivo no tratamento da depressão, Ele parece interagir com o sistema dos neurotransmissores serotonina, dopamina. Dietas pobres em magnésio estão associadas a menores concentrações dele no cérebro, alterando a expressão de proteínas, aumentando o estresse oxidativo. Alimentos ricos em magnésio são: sementes, verduras verde escuras, oleaginosas, abacate, cereais integrais, banana, leguminosas. 

Cromo 

O cromo tem importante papel na cognição, em transtornos de humor como depressão, distimia e transtorno bipolar, É essencial na expressão de receptores de membrana para serotonina nos neurônios. Os efeitos positivos como antidepressivo podem ser devido a uma regulação nas vias serotoninérgicas e nos canais de potássio (que também estão envolvidos na fisiopatologia da depressão). Encontramos o cromo nas carnes, ovos, frutos do mar, grãos integrais, queijos, pimentão, banana, espinafre, 

Selênio 

Esse mineral tem importante ação antioxidante e anti-inflamatória, tem funções cerebrais importantes, mas ao mesmo tempo em altas doses pode ser tóxico. Alguns estudos mostram que a suplementação durante a gravidez preveniu a depressão pós-parto. Outros demonstram que o aumento dos níveis de selênio melhora o humor em pessoas com depressão, Ele está presente na castanha do pará, peixes, frutos do mar, cereais integrais, sementes. 

Vitaminas do complexo B 

Dentre as vitaminas do complexo B a que possui mais estudos científicos relacionados a depressão é o ácido fólico, também chamado de folato ou vitamina B9. Ele é obtido através da alimentação - vegetais verdes escuros, legumes, feijões, frutas cítricas, fígado e grãos integrais. Estudos mostram que a baixas ingestão dietética de folato está correlacionada com um aumento de sintomas depressivos. Ele participa como cofator para a formação de enzimas importantes na síntese de neurotransmissores  como a serotonina e dopamina. 

A vitamina B12  também tem papel importante na depressão, assim como a B2 (riboflavina), a B3 (niacina), B6 , todas fundamentais para para a formação de coenzimas e neurotransmissores. 

Vitamina D

A vitamina D é lipossolúvel e pode ser sintetizada quando raios solares ultravioletas incidem sobre a pele. Ela também pode ser ingerida através dos alimentos (salmão, sardinha, atum, gema de ovo, queijos). Além da sua função na homeostase do cálcio e fósforo, ela também age como um hormônio, apresentando funções endócrinas em muitos órgãos do corpo. Existe um grande número de receptores de Vitamina D no sistema nervoso central, e ela desempenha papel neuroprotetor e também consegue interagir com várias vias de sinalização intracelular que estão envolvidas na fisiopatologia da depressão. A vitamina D parece regular a expressão de vários neurotransmissores. Muitas vezes a sua suplementação é necessária. 

Vitamina C 

A vitamina C é considerada um potente antioxidante. No sistema nervoso central além de agir como antioxidante, o ácido ascórbico é importante para a formação da bainha de mielina, para a síntese de catecolaminas e regulação da liberação de acetilcolina. Tem ação neuromoduladora sobre a neurotransmissão de dopamina e glutamato. Muitos estudos sugerem uma relação entre vitamina C e depressão, melhorando os sintomas da mesma. É encontrada em frutas cítricas, tomate, brócolis, goiaba.

Vitamina E

A vitamina E tem várias funções no nosso organismo: antioxidante, anti-inflamatória, antitumoral, anti-aterogênica, participa de atividades enzimáticas e regulação da transcrição de genes. No sistema nervoso central ela  melhora a cognição, a memória e a ansiedade. Ela pode exercer uma papel importante na depressão, pois sua deficiência altera o metabolismo de serotonina e 5-HTP(principal metabólito da serotonina). Só o fato dessa vitamina ter ações antioxidantes e anti-inflamatórias ela poderia melhorar o estresse oxidativo e a inflamação que estão correlacionados com a fisiopatologia da depressão. Encontramos essa vitamina nos óleos vegetais, sementes e oleaginosas, 

Outras substâncias podem contribuir para o tratamento da depressão, melhorando seus sintomas, mas todas elas necessitam de prescrição de um nutricionista ou médico. Entre elas se encontram:

Creatina: melhora os inibidores da recaptação de serotonina, interage com os receptores desse neurotransmissor.

N-Acetilcisteína (NAC): reduz estresse oxidativo, interage com receptores glutamatérgicos.

S-adenosil-metionina (SAMe): contribui para a formação de neurotransmissores envolvidos nos processos depressivos. 

Fosfatidilserina: melhora a memória e os sintomas de depressão.

Inositol: apresenta efeitos positivos na melhora dos sintomas.

Acelil-L-carnitina: aumenta a concentração de neurotransmissores (serotonina, GABA)

Além dessas substâncias, existem alguns fitoterápicos e fitoquímicos que também podem ser benéficos no tratamento para pessoas com depressão. Devido a seus princípios ativos essas plantas podem influenciar no metabolismo da serotonina, diminuindo sua degradação ou a sua recaptação para o neurônio pré-sinaptico, podem ter efeitos moduladores de citocinas inflamatórias, entre outros. 

O Hypericum perfomatum é um fitoterápico que possuem efeitos bem concretos, mas sua suplementação é restrita a médicos. 

O Crocus sativus (também conhecido como Cúrcuma longa) diminui os sintomas depressivos sem provocar efeitos colaterais. 

A Rhodiola rosea é considerada um fitoterápico adaptógeno. Melhora os sintomas e ainda potencializa a adaptação ao estresse. 

A Griffonia simplicifolia é uma planta com alta concentração de 5-HTP, precursor da serotonina. 

A Magnolia officinalis é muito utlizada na Medicina Tradicional Chinesa. Aumenta os receptores de GABA, possuindo efeito ansiolítico e sedativo.

O Panax ginseng também possui efeitos positivos no tratamento da depressão principalmente devido a sua propriedade anti-inflamatória.

As modificações na dieta também favorecem a melhora ou a piora da depressão. Uma alimentação rica em gordura trans, por exemplo, tende a aumentar o risco de desenvolver depressão. Excesso de alimentos ricos em açúcar, com consequente aumento da glicemia, também tem sido associado a uma piora dos sintomas depressivos.

Em contrapartida, uma dieta rica em vegetais, frutas, peixes, carnes magras e grãos integrais foi relacionada com menores chances de crises depressivas. 

Algum alimentos já são estudados  para o tratamento da depressão: açafrão da terra, alho, cebola, cacau, romã, alecrim e orégano. Devem estar presentes diariamente na nossa alimentação.

Vale ressaltar que uma dieta anti-inflamatória e rica em antioxidantes pode melhorar a depressão, pois o aumento da inflamação e do estresse oxidativo podem piorar o quadro depressivo. Quanto maior a quantidade de citocinas inflamatórias, maior a severidade da depressão. Essas citocinas induzem alterações na produção de neurotransmissores.

A retirada de alimentos alergênicos ou intolerantes também melhora o humor, provavelmente por esses alimentos induzirem um processo inflamatório, 

A ingestão insuficiente de carboidratos está associada a uma redução da síntese de serotonina. Quando ingerimos carboidratos há aumento na secreção de insulina em resposta a elevação da glicemia, facilitando a captação de aminoácidos pelos músculos e outros tecidos, levando a uma aumento da razão triptofano/aminoácidos, o triptofano passa com mais facilidade pela barreira hematoenceláfica, aumentando a serotonina. Como consequência, melhora o humor. Mas cuidado!!! Exageros em carboidratos não são bem vindos!!! 

Mais um ponto importante: para metabolizar o açúcar refinado utilizamos muitos nutrientes importantes como as vitaminas do complexo B e cromo. Quase 100% do cromo presente na cana de açúcar é perdido com o seu refinamento. Esse mineral é fundamental para controle da glicemia. 

O uso crônico de antidepressivos não é eficaz na depressão, podendo potencializar ainda mais os efeitos da doença, quem já tomou esses medicamentos por tempo prolongado sabe do que estou falando. É possível através de condutas nutricionais (alimentação, suplementação, fitoterapia) melhorar os sintomas da depressão ou até mesmo prevení-la, melhorando assim a qualidade de vida das pessoas, tornando-as mais felizes!!! Quero salientar a importância de uma dieta rica em vegetais, frutas, ômega 3, ervas e temperos naturais; e pobre em gordura trans, alimentos processados e industrializados. 


Resultado de imagem para happy picturesUm abraço e até o próximo post!



Fonte: Mortiz, Bettina. Nutrição Clínica Funcional: Neurologia, 2013. Naves, Andréia. Nutrição Clínica Funcional: Modulação Hormonal, 2010. Savioli, Gisela. Alimente bem suas emoções, 2014.