20 de junho de 2017

OS BENEFÍCIOS DO CACAU

Olá Pessoal!

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O assunto hoje é delicioso!! Vamos falar sobre alguns dos benefícios desse alimento tão nutritivo e que pode ser tornar muito gostoso, o cacau, poderoso ingrediente do nosso tão querido chocolate! Entre suas qualidades podemos destacar que ele ajuda na saúde do coração e circulação sanguínea, melhora o humor, combate a fadiga, auxilia a reduzir o colesterol, é bom para a memória e combate a depressão

O cacau é originário do México e seu nome científico é Theobroma cacao. A palavra "Theobroma" vem do grego e significa "alimento dos deuses" (não sei para vocês, mas para mim, faz total sentido).

Do fruto do cacaueiro se extraem sementes, que após sofrerem fermentação transformam-se em amêndoas que darão origem a diversos produtos. O chocolate é feito das sementes do cacau, as quais são assadas e moídas. A manteiga de cacau é feita da gordura dessas sementes, que apesar de saturada é protetora do coração. O chocolate é atualmente um dos alimentos mais consumidos no Brasil e no mundo.  

chocolate que conhecemos no mercado é obtido pela fermentação espontânea das sementes, sem a polpa branca. Depois, as mesmas são secas e posteriormente torradas. O liquido espesso extraído dessas sementes é o licor de cacau (onde se encontram os flavonóides). A ele são incorporados açúcar, leite e gordura vegetal para obter-se o chocolate ao leite. No chocolate amargo o conteúdo de cacau é maior. Nesse tipo de chocolate encontramos substâncias que melhoram a atenção, diminuem a depressão, e causam sensação de bem estar, devido ao aumento da serotonina , dopamina e noradrenalina, promovido pela  feniletilamina. 

O cacau é rico em proantocianidinas, substâncias antioxidantes cardioprotetoras, devido a sua capacidade de reduzir a oxidação do colesterol LDL. Esses potentes antioxidantes neutralizam os radicais livres envolvidos em diversas doenças crônico-degenerativas, como o câncer e outras causadas pelo envelhecimento. Os flavonóides do cacau também podem aumentar a síntese de óxido nítrico pelos vasos sanguíneos, aumentando o fluxo sanguíneo em áreas importantes do cérebro, sendo importante para o tratamento de perdas vasculares associadas com a idade incluindo demência e AVC. Os polifenóis encontrados no chocolate estimulam a circulação cerebral, sendo ótimo para o aprendizado e memória. Quanto mais amargo for o chocolate, maior o teor de cacau e portanto maior quantidade de flavonóides. 

As sementes de cacau apresentam elevado teor de polifenóis, entre 15 a 20% de seu peso seco, considerado um valor alto em comparação a outros vegetais.

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O cacau tem teobromina e metilxantina, substâncias que podem atuar como diuréticas e estimulantes (efeito parecido com a cafeína). Mas elas também relaxam o esfincter do estômago, permitindo o refluxo gástrico para o esôfago, portanto o chocolate deve ser evitado por pessoas com azia e refluxo.

Como toda a fruta, o cacau tem frutose, enzimas (amilase e lipase), vitaminas (betacaroteno, vitamina B1, B3, E e C), minerais (cálcio, zinco, selênio, potássio, cobre, manganês, ferro e magnésio) e aminoácidos (alanina, leucina, lisina, arginina e triptofano). Ele também é fonte de ácidos graxos, entre eles o ácido oléico, ácido esteárico e ácido palmítico. Sendo considerado um alimento energético. 

O chocolate branco nada mais é do que manteiga de cacau, açúcar e leite. A indústria ainda acrescenta gordura vegetal hidrogenada, emulsificantes, lecitina de soja, etc. Comprometendo totalmente o seu valor nutricional. 

O cacau possui uma substância chamada anandamida, que atua em áreas que regulam funções como a dor, humor, memória e controle de apetite. Ela é uma endorfina produzida também pelo nosso corpo em situações de extrema felicidade e após os exercícios físicos. 

As maiores concentrações de flavonóides estão presentes em chocolates acima de 70% cacau. Os flavonóides tem ação antioxidante, anti-inflamatória e protetora cardiovascular. A ação antioxidante pode resultar em redução de radicais livres e outros agentes oxidantes. Além disso, o cacau pode ter ação benéfica na prevenção da formação de placa de ateroma. Estudos mostram associação significativa entre o consumo moderado de cacau e redução de inflamação, assim como redução da hipertensão arterial. 

Todos os benefícios do cacau são resultantes dos compostos biativos nele presentes, sendo o chocolate um alimento que contém cacau em sua composição. Mas é importante ressaltar que o conteúdo de cacau nos diferentes tipos de chocolate varia muito, assim como a concentração de polifenóis presentes em diferentes tipos de cacau.

O alto consumo de chocolate ao leite pode trazer mais efeitos negativos do que positivos, devido a presença de outros macronutrientes como a gordura saturada adicionada e o açúcar. Por isso a recomendação é consumir sempre produtos contendo alta concentração de cacau, acima de 70%, e cuidado com a quantidade, no máximo 30g ao dia.

Para ajudar a incorporar o cacau no dia a dia, deixo aqui uma receita bem energética:

Receita: 
Vitamina energética
Ingredientes:
- 1 banana
- 2 amêndoas
- 1 colher de sopa de cacau em pó
- 200ml de água

Preparo: bata tudo no liquidificador e sirva. 

Um abraço e até o próximo post. 

Fontes: Corona, Jane. Faz bem pra quê, 2016. Chaves, Daniela. Compostos Bioativos dos alimentos, 2015. Dolinsky, Manuela. Nutrição Funcional, 2009.

27 de março de 2017

DIETA CETOGÊNICA PARA A OBESIDADE: AMIGO OU INIMIGO?

Olá Pessoal!


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Muito se fala atualmente em dietas com baixo teor de carboidratos. Durante os meus estudos sobre o assunto separei uma revisão bibliográfica sobre a dieta cetogênica, usada há muitos anos para alguns problemas de saúde e que hoje está sendo discutida a sua utilização na obesidade. O artigo estudado é esse: 

KETOGENIC DIET FOR OBESITY: FRIENDJ OU FOE? Antonio Paoli .Int. J Environ. Res Public Health, 2014.

A obesidade já atingiu proporções epidêmicas e é um forte fator de risco para diversos distúrbios cardiovasculares e metabólicos como hipertensão, diabetes tipo 2, dislipidemia, aterosclerose e câncer. Apesar da constante recomendação das organizações de saúde sobre a importância do controle de peso, muitas vezes esse objetivo falha. A predisposição genética em combinação com um estilo de vida inativo e aumento da ingestão calórica leva ao ganho de peso excessivo. Embora há um consenso de que as mudanças no estilo de vida são essenciais para promover a perda de peso e seu controle, o tipo de exercício e a dieta ideal ainda são discutidos. Por muitos anos os estudos de intervenção nutricional concentram-se em reduzir a gordura da dieta, tendo poucos resultados positivos a longo prazo. Uma das estratégias mais estudadas nos últimos anos para a perda de peso é a dieta cetogênica. Muitos estudos têm demonstrado que este tipo de abordagem nutricional tem uma base fisiológica e bioquímica sólida e é capaz de induzir a uma perda de peso eficaz, além da melhoria dos parâmetros de risco cardiovascular. Esta revisão tem como objetivo discutir a base fisiológica de dietas cetogênicas e sua utilização em casos de obesidade, discutindo pontos fortes e fracos juntamente com os cuidados que devem ser tomados em pacientes obesos.

Em relação a obesidade, a dieta é uma das questões mais controvérsia e muitos tipos de dietas têm sido defendidos para a perda de peso. Mas há pouca evidência científica para recomendar uma dieta sobre a outra. A dieta mais comumente aceita é baseada em níveis reativamente altos de carboidratos e baixo teor de gordura. Essas dietas promovem pequenos resultados na perda de peso e sofrem baixa adesão a longo prazo. Ainda não há dados definitivos sobre quais protocolos dietéticos são mais eficazes, tanto no curto quanto no longo prazo.

A adesão de indivíduos a uma dieta baixa em carboidratos e baixa em gordura é pequena porque a maioria tem demonstrado preferências dietéticas para alimentos ricos em gorduras, altamente processados e contendo açúcar simples. Uma dieta com baixo teor de gordura pode aumentar o consumo de carboidratos refinados, piorando os problemas de peso e facilitando a dislipidemia, principalmente em pacientes com resistência a insulina. 

Embora a dieta cetogênica pode ser útil como parte do tratamento de várias doenças como a epilepsia, ela tem sido usada na obesidade, induzindo uma condição metabólica chamada de "cetose fisiológica". Após alguns dias em jejum ou em uma dieta de carboidratos bem reduzidos (abaixo de 20g/dia) as reservas de glicose do corpo ficam insuficientes para a produção de oxaloacetato (substrato usado no ciclo de Krebs -  principal via metabólica para formação de energia do nosso organismo - e para o fornecimento de glicose no sistema nervoso central). É necessária uma quantidade mínima de oxaloacetato para um funcionamento ótimo do ciclo de Krebs. 

O Sistema Nervoso Central (SNC) não pode usar ácidos graxos como fonte de energia, porque eles não passam pela barreira hematoenceláfica, assim a glicose é a única fonte de energia para o cérebro humano. Após 3 ou 4 dias em jejum em uma dieta com baixo carboidrato o SNC precisa de uma fonte de energia alternativa e isso é obtido da superprodução de Acetil-CoA que leva a produção de corpos cetônicos. Esse processo é chamado de cetogênese e ocorre principalmente na matriz mitocondrial do fígado. O fígado produz corpos cetônicos mas é incapaz de utilizá-los por causa da ausência da enzima necessária para converter o acetoacetato em acetoacetil-CoA. 

A condição de cetose, caracterizada por uma respiração com odor frutado, no caso da dieta cetogênica é uma condição fisiológica (jejum, baixo carboidrato, pós exercício) e não necessariamente um índice de condição patológica. Essa característica acontece devido a acetona formada no processo de cetose. 

Os corpos cetônicos são utilizados pelos tecidos como fonte de energia através de uma via que forma Acetil-CoA, a qual é utilizada no ciclo de Krebs (já explicado acima). A glicemia embora reduzida permanece dentro dos níveis fisiológicos. A glicose é formada a partir de duas fontes: ácidos graxos e glicerol vindos dos triglicerídeos. A importância do segundo aumenta gradualmente durante a condição de cetose. Nos primeiros dias de uma dieta cetogênica a principal fonte de glicose é a via de neoglicogênese dos aminoácidos, com o passar dos dias, a contribuição de aminoácidos diminui enquanto que a quantidade de glicose derivada do glicerol aumenta. De fato, o glicerol (liberado da hidrólise de triglicerídeos)  pode produzir mais de 16% de glicose no fígado durante uma dieta cetogênica e cerca de 60% após alguns dias de jejum completo. O SNC utiliza eficientemente os corpos cetônicos como fonte de energia. 

Não há dúvida que há forte evidência que o uso de dietas cetogênicas para perda de peso é eficaz, no entanto os mecanismos subjacentes aos efeitos da dieta cetogênica é ainda objetivo de debate. A hipótese original de Atikins sugeriu que a perda de peso é induzida através da excreção de corpos cetônicos, mas recentemente surgiram novas hipóteses. Uma delas é que o uso de energia a partir de proteína em dieta cetogênica é um processo "caro" para o corpo e por isso pode levar a um gasto maior de calorias e portanto aumentar a perda de peso em comparação com outras dietas. Durante a primeira fase da dieta 60 a 65g de glicose por dia são necessárias para o corpo, 16% deste é obtido a partir do glicerol, enquanto a maior parte é derivada via gliconeogênese a partir das proteínas de origem alimentar ou tecidual. A gliconeogênese é um processo que exige energia, calculado em mais ou menos 400 a 600 calorias/dia. Não há evidência experimental direta para sustentar esta hipótese, ao contrário, um estudo recente relatou que não houve mudanças no gasto de energia em repouso após uma dieta cetogênica. 

Alguns autores afirmam que os resultados obtidos com dietas cetogênicas podem ser atribuídos com a redução do apetite devido ao maior efeito de saciedade das proteínas ou alguns efeitos sobre o apetite através dos controle hormonal. Outros autores sugerem uma possível ação supressora do apetite diretamente ligada aos corpos cetônicos. A longo prazo a melhora da oxidação das gorduras visualizada pela diminuição do coeficiente respiratório. 

Podemos resumir os mecanismos hipotéticos de efeitos da perda de peso na dieta cetogênica em : 
1. Redução do apetite devido ao maior efeito de saciedade das proteínas, efeitos sobre o controle do apetite pelos hormônios e uma possível ação supressora do apetite direta pelos corpos cetônicos.
2. Redução da lipogênese e aumento da lipólise.
3. Maior eficiência metabólica no consumo de gordura destacada pela redução do coeficiente respiratório em repouso.
4. Aumento dos custos metabólicos da gliconeogênese e efeito térmico das proteínas. 

Pode-se argumentar que a dieta cetogênica tem efeitos benéficos além da simples perda de peso e gordura. Estudos sugerem que as cetonas podem proteger contra alterações cognitivas, comprometimento causado pelo ganho de peso e obesidade. Além disso, há algumas evidências que dietas cetogênicas podem ter efeitos positivos sobre o humor em indivíduos com sobrepeso. Mesmo que durante a fase muito precoce  de uma dieta cetogênica (4 a 5 dias) indivíduos podem às vezes reclamar de letargia, este efeito passa rapidamente e os sujeitos relatam posteriormente um estado de humor melhor. 

Embora a prevalência de resistência a insulina na obesidade não seja conhecida como comum, uma das características primárias da mesma é a diminuição da capacidade do músculo de utilizar a glicose circulante e a capacidade de retardar a produção de glicose hepática. Assim, indivíduos com resistência á insulina tem problema de metabolização de carboidratos dietéticos e irão desviar uma maior proporção desses carboidratos para o fígado onde serão convertidos em gordura (lipogênese) em vez de serem oxidados para energia no músculo esquelético. Os efeitos benéficos das dietas muito baixas em carboidratos em indivíduos obesos, não são apenas a perda de peso em si, mas também a melhora e controle da glicemia, hemoglobina glicada e marcadores lipídicos, bem como o uso reduzido ou retirada de insulina e outros medicamentos em muitos casos. Além disso, em experimentos com dietas normais em quantidades de gordura, indivíduos com resistência a insulina apresentaram marcadores da síndrome metabólica melhores do que dietas com baixo teor de gorduras. 

Outro benefício que tem sido pontuado é relacionado a longevidade. Porém  os dados estão restritos a modelos animais. 

Embora existam muitos estudos que demonstram que uma dieta cetogênica, pelo menos a curto prazo, resulta em maior perda de peso do que as dietas com baixo teor de gorduras, a partir de uma perspectiva de longo prazo o sucesso de uma abordagem nutricional é definida pela quantidade de peso recuperado. Desse ponto de vista há poucos dados disponíveis, em particular no que se refere ao chamado ciclo de peso ou efeito ioiô. Não há uma definição universalmente aceita de manutenção de perda de peso bem sucedida após uma dieta, mas indivíduos que perderam intencionalmente pelo menos 10% de seu peso corporal e mantiveram por pelo menos 1 ano podem ser considerados casos de sucesso. 

O critério de 10% é escolhido pelos seus bem documentados efeitos na melhora dos fatores de risco para diabetes e doenças cardiovasculares, enquanto que o critério de 1 ano foi de acordo com o US Instiute of Medice (IOM). Alguns estudos mostram que a grelina circulante e o apetite subjetivo que acompanham uma dieta hipocalórica foram reduzidos com uma abordagem cetogênica. Além disso, outros estudos mostram que 2 breves períodos de dieta cetogênica separados por períodos mais longos de dieta mediterrânea, levou a bem sucedida perda de peso a longo prazo e melhorias em fatores de risco para a saúde sem efeito de recuperação de peso.

Uma preocupação comum quando se faz dieta cetogênica é com relação ao teor de lipídeos no sangue, pois uma dieta reduzida de carboidratos e alta em proteínas e gorduras pode aumentar o colesterol e triglicerídeos, mas a maioria dos estudos recentes demonstram amplamente que a redução de carboidratos pode realmente levar a benefícios significativos na redução dos triglicerídeos no sangue. Além disso, foram relatados que a dieta cetogênica aumenta o tamanho e o volume de partículas de LDL colesterol, o que reduz riscos cardiovasculares, uma vez que partículas menores tem uma maior aterogenicidade. Há uma razão bioquímica racional atrás dos efeitos da dieta cetogênica na síntese do colesterol endógeno. Uma enzima chave na síntese deste colesterol é a HMGCoa redutase (o alvo das estatinas) que é ativada pela insulina, o que significa que um aumento da glicose no sangue e consequentemente dos  níveis de insulina levará a um aumento endógeno de colesterol. Assim uma redução dos carboidratos na dieta juntamente com colesterol levará a inibição na biossíntese do mesmo. 

Outra preocupação refere possíveis efeitos negativos para os rins. Sugere-se que altos níveis de nitrogênio, a excreção durante o metabolismo das proteínas pode causar aumento da pressão glomerular e hiperfiltração. Em indivíduos com a função renal intacta, níveis mais altos de proteínas na dieta causaram adaptações morfológicas, mas sem efeitos negativos. É importante, no entanto, atenção a indivíduos com insuficiência renal, transplante renal e indivíduos com síndrome metabólica ou outras condições relacionadas, pois estes podem ser mais susceptíveis ao efeito hipertensivo dos aminoácidos. 

Quanto aos efeitos globais da dieta cetogênica na saúde há diferentes opiniões. Em uma revisão baseada em estudos observacionais, sugere-se um possível efeito nocivo das dietas baixas em carboidratos e ricas em proteínas aumentando o risco de mortalidade por todas as causas, mas não houve efeito sobre a mortalidade relacionada a doenças cardiovasculares. Por outro lado, um grande estudo mostra que o aumento no teor de proteína e uma redução no índice glicêmico melhora a manutenção da perda de peso sem diferença nos efeitos adversos. Não há efeitos negativos para a saúde óssea.

A dieta cetogênica é principalmente uma dieta de redução de carboidratos com quantidades normais de proteínas que produz um estado metabólico peculiar. Não é dieta da proteína! Alguns estudos afirmam que a dieta cetogênica poderia afetar negativamente o metabolismo da glicose, mas nos estudos os pesquisadores realizaram a medição da glicose imediatamente após a dieta cetogênica. É razoável que depois de um período de dieta muito baixa em carboidratos haveria um aumento da glicose sensivelmente, por esta razão é aconselhável uma fase de transição de cetogênica para dieta normal.

Nos seres humanos os efeitos de uma dieta cetogênica muito prolongada são, até agora, não muito investigados, por isso este tipo de dieta pode ser usada com segurança por um período limitado (de 3 semanas à alguns meses)para estimular a perda de gordura, melhorar o metabolismo e ajudar a transição para um estilo de vida mais saudável.

Concluindo: um período de dieta reduzida em carboidratos pode ajudar a controlar a fome e pode melhorar o metabolismo oxidativo da gordura, portanto reduzir o peso corporal. Além disso, novos tipos de dietas cetogênicas, usando refeições que imitam alimentos ricos em carboidratos poderiam melhorar a continuidade da dieta. Deve-se dar atenção à função renal e à fase de transição da cetogênica para uma dieta normal, que deve ser gradual e bem controlada. Este tipo de dieta deve durar no mínimo 2 a 3 semanas (para induzir a cetose fisiológica) e no máximo 3 a 12 meses. 

Este é apenas um artigo, o qual resolvi compartilhar. Toda a dieta deve ser feita somente com acompanhamento de NUTRICIONISTA. Essa poderá ser uma estratégia adotada, por um período, jamais para o resto da vida, exceto em alguns casos de problemas sérios de saúde. Mas quem define se é ou não a estratégia adequada para cada pessoa é o profissional capacitado para isso: NUTRICIONISTA

Um abraço e até o próximo post!









3 de fevereiro de 2017

GORDURA SATURADA: MOCINHA OU VILÃ?

Olá Pessoal! 



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Para começar 2107 vou falar de algo que está sendo muito questionado ultimamente: a gordura saturada realmente faz mal para a saúde? Para responder a esta pergunta comecei a ler alguns artigos científicos e separei um deles para dividir aqui com vocês.  O artigo escolhido foi este: 


INTAKE OF SATURATED AND TRANS UNSATURATED FATTY ACIDS AND RISK OF ALL CAUSE MORTALITY, CARDIOVASCULAR DISEASE, AND TYPE 2 DIABETES: SISTEMATIC REVIEW AND META - ANALYSIS OF OBSERVATIONAL STUDIES. (BMJ, 2015).

Ingestão de ácidos graxos saturados e insaturados trans e risco de todas as causas de mortalidade, doença cardiovascular e diabetes tipo 2: revisão sistemática e meta-análise de estudos observacionais. 

Este artigo, publicado em 2015, é uma meta-análise de estudos observacionais. 

O objetivo deste estudo era de analisar sistematicamente as associações entre gordura saturada e gordura trans com todos os riscos de mortalidade, doenças cardiovasculares (DCV), acidente vascular cerebral (AVC) e diabetes tipo 2. 

Esta revisão foi conduzida de acordo com o processo das diretrizes da OMS (Organização Mundial de Saúde). Foram realizadas pesquisas observacionais avaliando as associações entre gordura saturada e/ou trans e saúde. Os estudos escolhidos incluíram qualquer estudo observacional em humanos (como coorte prospectivo, caso-controle, caso controle alinhado ou caso-coorte). Foram analisados estudos de diversos países. 

As gorduras saturadas contribuem com cerca de 10% do valor total energético da dieta norte-americana. As principais fontes de gordura saturada presente nos alimentos são: manteiga, leite de vaca, carne, salmão, ovos, manteiga de cacau, óleo de coco, óleo de palma e manteiga de coco. Meta- análises anteriores (estudos de coorte prospectivos) relataram aumento de risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, AVC e doenças coronarianas quando há excesso de consumo de gordura saturada. Ensaios de intervenção demonstram benefícios cardiovasculares modestos com a redução de gordura saturada e aumento de gorduras polinsaturadas. Mas a maioria dos ensaios durou no máximo 2 anos, tempo considerado curto para conclusões. Outra meta-análise de estudos randomizados sugeriu uma redução de 17% no risco de DCV com a diminuição do valor energético proveniente de gorduras saturadas de 17% para 9%. 

As gorduras trans representam cerca de 1 a 2% da energia da dieta norte-americana. São produzidas industrialmente através da hidrogenação parcial de óleos vegetais. Ela pode estar presente naturalmente também em alguns alimentos provenientes de animais ruminantes (carne, leite e derivados). Uma meta-análise relatou que a gordura trans produzida industrialmente pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, embora isso pudesse refletir os baixos níveis de gorduras trans naturais em comparação com as altas doses de gordura trans industrial tipicamente presentes em alimentos processados. 

As diretrizes dietéticas recomendam que as gorduras saturadas devem ficar menores que 10% do valor total de gorduras e entre 5-6% para aqueles que precisam reduzir o LDL colesterol. A gordura trans deve estar no máximo 1% do total de energia ou o mais baixo possível, principalmente para para reduzir o risco de doenças coronarianas e AVC. 

Nesta síntese de evidências observacionais não foram encontradas associações claras entre o maior consumo de gorduras saturadas e mortalidade por qualquer causa, DCV, doença coronariana, AVC ou diabetes tipo 2 em humanos saudáveis. No entanto, o consumo de gordura trans foi associado ao aumento da mortalidade por qualquer causa, aumento de 28% no risco de desenvolver DCV e 21% no risco de doença coronariana. Além disso, esses dados sugerem que as gorduras trans industriais conferem um aumento de 30% no risco e morte por DCV e 18% no risco de morte por doença coronariana. Por causa da inconsistência dos estudos não foi possível confirmar uma associação clara entre gordura trans e diabetes tipo 2. Não foram encontradas relações entre gorduras e AVC.

Não houve associação entre a ingestão de gordura saturada e causas de mortalidade, porém os ensaios clínicos controlados têm demonstrado que quando os carboidratos da dieta são substituídos por gorduras saturadas há um aumento do colesterol total e LDL. Foram demonstradas anteriormente associações diretas e positivas entre o aumento das concentrações de colesterol total e LDL e causas de mortalidade por doença coronariana. Nesta revisão não foi encontrado nenhuma associação neste sentido. Alimentos ricos em gordura saturada, especialmente processados e carnes vermelhas no entanto tem sido associados com o aumento da mortalidade e risco de câncer.

Um pequeno corpo de evidências sugere que os aumentos de gordura saturada e risco de mortalidade por doença cardiovascular ocorra em pessoas com diabetes. Isso poderia se relacionar com o aumento do colesterol LDL, efeito de gordura saturada e outras consequências metabólicas da resistência a insulina em pessoas com diabetes. Em estudos metabólicos, a gordura saturada prejudica a sensibilidade a insulina e gordura insaturada melhora o metabolismo da glicose, substituir a gordura saturada por monoinsaturada aumenta lipoproteínas e controle glicêmico em pacientes com diabetes tipo 2. 

As gorduras saturadas não foram associadas com doença coronariana, mas encontrou-se uma tendência de associação com mortalidade por esse tipo de doença. Em 11 estudos de coorte prospectivos a substituição de gordura saturada por gordura poliinsaturada reduziu o risco coronariano em 13%, consistente com os resultados e ensaios clínicos controlados randomizados. Mas a substituição de gordura saturada por monoinsaturada ou carboidratos aumenta o risco de infarto do miocárdio não fatal. Os carboidratos em dietas ocidentais são normalmente altamente processados, alimentos com alta carga glicêmica, que poderiam aumentar o risco quando substituem as gorduras saturadas. Benefícios inconsistentes  foram encontrados quando troca-se uma fonte de gordura saturada por outra, provavelmente porque muitos ácidos graxos saturados são comuns em diferentes fontes alimentares. 

Os pesquisadores não encontraram nenhuma associação entre gorduras saturadas e risco de acidente vascular cerebral isquêmico (AVC), embora o risco relativo de AVC foi reduzido em 18% quando o consumo de gordura saturada foi reduzido. Uma dieta rica em gorduras monoinsaturadas foi associada a redução da pressão arterial. 


Não encontraram também nenhuma associação entre gordura saturada e gordura trans e o desenvolvimento de diabetes tipo 2. 


Foram encontradas associações fortes entre a ingestão de gordura trans e doença coronariana e mortalidade por tal doença. Os efeitos sobre o risco de doenças cardiovasculares são medidos através de lipídeos no sangue e processos inflamatórios. A descoberta é que um aumento de 2% no valor calórico total, através de gorduras trans está associado a um aumento de 25% no risco de doença coronariana e 31% no risco de mortalidade. 


Dois estudos prospectivos avaliaram a associação entre gorduras trans e AVC, mas são inconclusivos. A associação com o risco de AVC deve ser estudado mais profundamente.


Esta revisão sistemática e meta-análise de provas a partir de grandes estudos observacionais geralmente bem executados, não suporta a associação de gorduras saturadas com doença cardiovascular, doença coronariana, AVC e diabetes tipo 2 em indivíduos saudáveis. Em grandes estudos prospectivos, quando as gorduras polinsaturadas substituíram as gorduras saturadas o risco de doença cardiovascular reduziu, mas não quando a gordura trans ou o carboidrato são a escolha de substituição. A ingestão de gordura trans está associada a um aumento de 20 a 30% no risco de mortalidade por doença coronariana, mas as associações com diabetes e AVC não estão claras. 


Resumindo o artigo: encontraram forte associação entre gordura trans e doenças cardiovasculares, mas não encontraram evidencias da associação com diabetes tipo 2 e AVC. Nenhuma associação entre gorduras saturadas e todas as causas de mortalidade (DCV e DC) ou diabetes tipo 2 foi encontrada, mas quando a gordura saturada é substituída por carboidratos refinados há um aumento de LDL. A substituição de gordura saturada por polinsaturada pode reduzir o risco relativo de doenças coronarianas. E no final, o artigo ainda propõe que as diretrizes nutricionais atuais precisam ser revistas. 


Quero deixar claro que essas conclusões não são minhas, eu simplesmente dividi um artigo científico recente que fala sobre assuntos atuais em evidência.


Não recomendo a ninguém se entupir de gordura saturada, ou qualquer outro tipo de gordura. Mas acredito que não precisamos ter tanto medo dela. O principal é ter equilíbrio, sempre!!!! 


Espero ter contribuído um pouco e vou estudar ainda mais, para trazer assuntos atuais e interessantes para quem me acompanha.


Um abraço e até o próximo post.


Fonte:https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26268692