11 de junho de 2015

ADOÇANTES: USAR OU NÃO USAR?

Olá pessoal!!

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Durante muito tempo os adoçantes artificiais caíram nas graças do povo... mas com novos estudos e pesquisas podemos afirmar que eles não são tão bons assim para a nossa saúde como se pensava quando foram lançados no mercado. 

Os adoçantes, também chamados de edulcorantes, são um grande grupo de substâncias que geram sabor doce ou aumentam a percepção de sabores doces. 

Atualmente o FDA (Food and Drug Adminstration) aprova os seguintes adoçantes para consumo: sacarina, sucralose, aspartame, acessulfame-K e estévia. No Brasil além desses a Anvisa (Angência Nacional de Vigilância Sanitária) autoriza: sorbitol, manitol, ciclamato, isomaltinol, taumatina, maltilol, lactilol, xilitol e eritritol. Nos Estados Unidos o ciclamato é proibido devido a evidências da relação do uso dele com câncer. No Canadá a sacarina está proibida. Pena que no Brasil as coisas demoram a se modificar, por aqui a Anvisa apenas reduziu a quantidade máxima de adoçantes em bebidas e alimentos (no caso a sacarina e o ciclamato - por terem um impacto para a saúde pela presença de sódio na sua composição). A sacarina, o ciclamato e o aspartame foram os primeiros adoçantes artificiais comercializados. Depois vieram o acessulfame-K e a sucralose. 

Os adoçantes podem ser classificados como sintéticos: aspartame, sacarina, ciclamato, acessulfame-K e sucralose, e como naturais: frutose, manitol, sorbitol, estévia e xilitol. 

A tendência no consumo de alimentos e bebidas que contêm adoçantes tem aumentado significativamente nos últimos anos. Em sua maioria as pessoas não se preocupam com o tipo de adoçante presente nos alimentos e/ou bebidas e também não se atentam a quantidade ingerida ao dia. Portanto, a principal preocupação quanto ao aumento no consumo de adoçantes é se a quantidade ingerida diariamente pela população está dentro dos limites de ingestão considerados seguros pelos órgãos de saúde. 

O contato com o alimento doce começa no útero, onde o feto é envolto no líquido amniótico, que tem sabor doce, e continua após o nascimento, com o leite materno ou com as fórmulas lácteas industrializadas, contendo lactose. Na infância, adolescência e vida adulta temos o contato direto através dos alimentos e bebidas, e até mesmo nos medicamentos, que são adoçados para mascarar sabores desagradáveis. 

O sabor doce está relacionado a prazer e recompensa, pois está associado com a produção de dopamina, serotonina e peptídeos opioides no cérebro. Quando consumimos sacarose, o organismo produz insulina, que é trasportada para o cérebro e estimula os neurônios dopaminérgicos, gerando produção de dopamina, a qual ativa circuitos cerebrais envolvidos com as emoções. Apesar de não estimularem a produção de insulina, os adoçantes também possuem a capacidade de aumentar a dopamina no cérebro. Os estudos sugerem que duas vias independentes estimulam o sistema de recompensa: a gustativa, mediada pelos adoçantes, e a metabólica, mediada pela sacarose. Os adoçantes se ligam aos receptores para o sabor doce na língua e provocam uma produção instantânea de dopamina que dura alguns segundos, enganando o organismo. A sacarose, por estimular a produção de insulina, pode levar a uma liberação mais duradoura e cumulativa da dopamina. 

Lembrando que apesar da sensação de prazer, dietas ricas em sacarose afetam os mecanismo regulatórios do corpo, levando a resistência a insulina e leptina no hipotálamo, bloqueando os sinais fisiológicos desses hormônios da saciedade. Além do que, a ingestão de sacarose pode afetar a reatividade do cortisol para compensar o estresse.

Além de apresentarem um poder edulcorante muito maior quando comparados com a sacarose, os adoçantes não possuem calorias, um dos principais motivos que levam as pessoas que querem perder peso a consumi-los. Mas... o número de obesos cresce na mesma que proporção que cresce o consumo de adoçantes... tem algo errado, concordam???!!

Estudos sugerem, que ao contrário do que se imaginava, os adoçantes podem não ter um efeito tão direto no controle do peso, na verdade eles podem contribuir ainda mais para o desenvolvimento da obesidade. Ainda é contraditório, mas parece que por não terem calorias, o uso de adoçantes resulta na emissão de sinais psicológicos ambíguos que confundem os mecanismos de regulação do organismo, levando a perda do controle do apetite e estimulando a ingestão alimentar. 

Para a manutenção do ambiente interno é necessário que o organismo tenha energia suficiente para suprir as necessidades diárias. Se a energia é menor, devido a substituição do açúcar pelo adoçante, o organismo recorre a um sistema de compensação fazendo o indivíduo comer mais em outros momentos. Lembrando que não estou dizendo para consumir açúcar em excesso!!!

O sabor doce é reconhecido pela língua por receptores específicos, os quais reconhecem tanto a sacarose como os adoçantes. Essa ativação dos receptores ativa sinais intracelulares que estimulam nervos gustatórios periféricos e cerebrais. O processamento central do sabor doce ativa circuitos cerebrais relacionados à ingestão alimentar e ao sistema de recompensa que promovem o apetite pelo sabor doce. O sistema autônomo do cérebro também pode retransmitir a informação pelo nervo vago, preparando o sistema digestório para a chegada do alimento rico em carboidrato. 

O processo digestivo e absortivo da comida ingerida é coordenado pela percepção de glicose no intestino, que modula a absorção de nutrientes, a liberação de hormônios e a motilidade gastrointestinal, gerando sinais de saciedade ao cérebro, que encerrará o ato de comer. Mas os adoçantes não tem calorias e nem glicose, logo esse processo se desregula.

Os carboidratos da dieta são digeridos em açúcares (glicose, frutose e galactose) e absorvidos pelos enterócitos no intestino. A glicose e a galactose são transportadas para dentro dos enterócitos por meio de um transportador de glicose, já a frutose é passivamente absorvida (ou seja sem transportador). A expressão desse transportador e o índice de glicose absorvida estão relacionados com a quantidade de açúcar presente no lúmen intestinal. Os receptores para o sabor doce na língua (que iniciam a digestão do açúcar) também são os sensores que regulam a expressão do transportador de glicose. Alguns estudos mostram que a sucralose, a sacarina e o acessulfame-K apesar de pouco absorvidos pelo intestino, aumentam a expressão desse transportador, aumentando a absorção de glicose. Ainda especula-se que a estimulação dos receptores da língua para o sabor doce também aumenta a absorção de glicose por meio do aumento da expressão do GLUT2 das células intestinais, contribuindo para o desenvolvimento da obesidade. 

Portanto, as células do intestino codificam a sacarose e os adoçantes artificiais pelos mesmos mecanismos que as células da língua, regulando a expressão de proteínas transportadoras e hormônios que facilitam a absorção de glicose pelas células do intestino. Os receptores são capazes de detectar os adoçantes artificiais nos alimentos e bebidas, resultando no aumento da capacidade intestinal em absorver glicose. 

Falando especificamente de alguns adoçantes, estudos mostram que a sacarina e o ciclamato podem induzir um dano considerável ao DNA, indicando que a exposição a essa substância pode representar um risco potencial a saúde. Outros estudos evidenciam a sua relação com câncer de bexiga. 

O aspartame está relacionado com influência negativa sobre células nervosas. Dentre os metabólitos derivados de sua metabolização está a fenilalanina, a qual em excesso, bloqueia o transporte de aminoácidos no cérebro, contribuindo para a redução dos níveis de dopamina e serotonina. Outro metabólito, o ácido aspártico, quando em altas concentrações no cérebro, age como uma toxina que causa aumento da excitabilidade de neurônios e também pode agir como precursor para outro aminoácido excitatório, o glutamato. Já o metanol (também derivado do aspartame) causa, depressão do sistema nervoso central, desordens de visão e outros sintomas. 

O acessulfame-K, assim como a sacarina, também tem sido associado com a percepção do sabor doce e seus efeitos estimulatórios, aumentando a absorção de glicose nos enterócitos, além de desregular a sensação de saciedade, aumentado o apetite. 

A tão famosa sucralose, que por um tempo foi considerada o melhor dos adoçantes artificiais também não é inocente. Em estudos mostra-se que ela não exerce efeitos sobre a percepção de fome, esvaziamento gástrico e níveis de insulina. Porém a longo prazo ela está relacionada a problemas renais, doença inflamatória intestinal, alterações de comportamento e neurotoxicidade. 

A estévia é derivada de uma planta sul-americana. É por enquanto o adoçante mais seguro, por sua origem natural. Muitas pessoas não se adaptam, pois deixa um sabor residual. 

Os adoçantes foram feitos para fins especiais e para quem realmente precisa, ou seja, pessoas com alterações glicêmicas, como no caso da diabetes e resistência periférica a insulina. Se produtos dietéticos servissem para emagrecer, certamente eu estaria desempregada, pois 90% dos pacientes que eu atendo me procuram para emagrecer e em sua grande maioria são consumidores de adoçantes e alimentos com os mesmos.

Claro que não estou dizendo que o açúcar é melhor ou pior, mas o que questiono é se precisamos adoçar tudo o que consumimos. Por exemplo, sucos naturais e chás não precisam ser adoçados. Até mesmo o cafezinho de todo dia dá para ser tomado puro, é uma questão de hábito. Quando deixamos de adoçar os alimentos (seja com açúcar ou adoçantes) sentimos o verdadeiro sabor, tudo fica mais natural e muito mais gostoso. 

Se a pessoa realmente precisa do adoçante por problemas de saúde, o ideal é fazer um rodízio, jamais consumir o mesmo tipo por muito tempo. Se a pessoa não precisa, o certo é não adoçar!! Caso isso seja muito impossível ao paladar no início dessa mudança de hábito, é melhor optar por açúcares menos refinados como o demerara ou mascavo, os quais preservam alguns nutrientes. Outras opções mais saudáveis são: o açúcar de coco, o mel, o agave, o melado de cana. Sempre, sempre com moderação. 

A grande questão dos adoçantes é quantidade. O problema não consumir às vezes, e sim em grandes quantidades, pois eles estão presentes em quase tudo, não somente naquelas gotinhas colocadas no café. Eu mesma já peguei produto para crianças que tinha açúcar e adoçante!! Já vi também suplementos vitamínicos para crianças com adoçantes! Temos que ficar de olho!!

Resumindo, se você não precisa usar adoçante por uma questão de saúde, NÃO USE! Tente levar uma vida mais natural, e consumir os alimentos da forma que eles vieram da natureza, sem adoçar!!! 

Resultado de imagem para figuras adoçantesUm abraço e até a próxima. 


Fonte: Nutrição Clínica Funcional - Obesidade, Naves, 2009 e 2014; Química de Alimentos, Damodaran, 2010.