26 de março de 2014

COMO PREVENIR E TRATAR A OBESIDADE ATRAVÉS DA NUTRIÇÃO FUNCIONAL

Olá pessoal!




Dando continuidade ao post anterior, no qual descrevi alguns pontos a respeito da obesidade, hoje quero falar um pouco de como podemos prevenir e até mesmo tratar a obesidade através da Nutrição Funcional.

O objetivo da ciência hoje é desenvolver a tecnologia necessária para identificar pessoas com suscetibilidade genética aumentada e quantificar as intervenções farmacêuticas e nutricionais para amenizar o início e a progressão das doenças crônicas em pessoas com peso acima do ideal. Nutrientes que modulam a expressão gênica podem favorecer em grande potencial na alteração da trajetória dessas doenças. 

As intervenções comportamentais para obesidade focam na modificação do comportamento, incluindo práticas saudáveis de alimentação (consumo de alimentos de baixa caloria e gordura, regularidade nas refeições, aumento no consumo de frutas e vegetais), aumento da prática de atividade física e apoio social. 

A eficácia no tratamento a curto prazo para controle de peso corporal por meio da modificação comportamental tem melhorado nos últimos anos, mas o tratamento a longo prazo não acompanha o mesmo ritmo, principalmente em obesos clinicamente severos. Em alguns estudos demonstra-se que a redução do consumo energético em combinação com a prática de exercícios e/ou agentes farmacológicos, a curto prazo, leva a perda de peso moderada. Porém o problema é que todas as intervenções mostram uma tendência a recuperação do peso após seis meses a um ano. 

Os tratamentos convencionais para a perda de peso usam a privação e métodos de inibição ou estimulação (através de fármacos) para alcançar o objetivo, sem considerar as respostas geneticamente programadas para tais intervenções. O crescimento da obesidade mostra o fracasso desses métodos em longo prazo.

Apesar dos exercícios e as orientações nutricionais serem rotineiramente utilizadas para o tratamento da obesidade, há uma imensa variabilidade, regulada por genes, em como os indivíduos respondem a essas intervenções. Além disso, as condutas podem ser eficazes para alguns indivíduos, mas podem resultar em pequeno ou nenhum efeito em outros. Dessa forma, a individualidade bioquímica de cada pessoa é de extrema importância para o sucesso nesse tratamento.

Na Nutrição Funcional, a obesidade é tratada como uma patologia complexa, com envolvimento de muitos fatores além do desequilíbrio entre a ingestão e a utilização de calorias.

A Nutrição Funcional tem demonstrado clinicamente ser uma intervenção de sucesso para a redução de peso corporal, pois faz uma interação entre todos os sistemas do corpo, enfatizando as relações que existem entre a bioquímica, a fisiologia e os aspectos emocionais e cognitivos do organismo. Ainda levam em consideração como os genes respondem a essas intervenções dietéticas e preconiza condutas nutricionais de acordo com a base genética de cada indivíduo. Assim, personaliza e individualiza as intervenções nutricionais, independentemente do estado fisiopatológico do paciente. 

A Nutrição Funcional parte do princípio que cinco causas ambientais podem desequilibrar os sistemas orgânicos e causar a obesidade: toxinas, substâncias alergênicas, microrganismos, estresse e má nutrição.

Esses cinco fatores interagem com nossos genes, causam desequilíbrios nutricionais e comprometem o funcionamento de sistemas fisiológicos, causando alterações: imunológicas (que desencadeiam um processo inflamatório crônico), no metabolismo energético e no sistema oxidante-antioxidante, gastrointestinais (que afetam a digestão e absorção de nutrientes), estruturais de membrana celular do músculo esquelético, na destoxificação e bio transformação das toxinas, neuroendócrinas e hormonais. Além da interação corpo e mente.

A programação nutricional para a perda de peso deve adotar condutas que bloqueiem os gatilhos e por nutrientes que modulem os mediadores, restabelecendo o equilíbrio funcional de cada sistema. A perda de peso virá como consequência do restabelecimento da funcionalidade do organismo.

As intervenções de mudança de estilo de vida, aliando uma alimentação mais saudável (rica em alimentos integrais, fitoquímicos e baixa carga glicêmica), à prática de exercícios físicos e ao controle do estresse, compõem uma das condutas mais adotadas para a redução de peso corporal. Porém não são raros os pacientes que não respondem satisfatoriamente a tudo isso. Assim, tem-se sugerido que a resistência na redução da gordura corporal pode ser consequência não só do estilo de vida, mas também da crônica exposição a certas toxinas ambientais que alteram os mecanismo chaves do controle de peso.

Supõe-se que essas toxinas enviam falsas mensagens, alterando a ação dos hormônios, principalmente aqueles envolvidos com o controle energético, hormônios tireoidianos, estrogênio, testosterona, cortisol, insulina, hormônio do crescimento e leptina. Com isso pode haver alteração na ação dos neurotransmissores que controlam a saciedade e o metabolismo energético ou até mesmo ocasionar danos na função muscular, alterando o metabolismo mitocondrial na oxidação dos lipídeos. 

Aperfeiçoar os sistemas de destoxificação no organismo humano é uma nova e importante estratégia para o sucesso na redução de peso corporal. É através desse sistema que se consegue eliminar as toxinas acumuladas no organismo.

Considerando-se todas as alterações metabólicas ocorridas na obesidade, é importante se adotar condutas capazes de modular o desequilíbrio funcional e o quadro inflamatório sistêmico. Assim, alimentos funcionais devem fazer parte do plano alimentar, já que modulam a inflamação, melhoram os níveis de glicemia e neutralizam os radicais livres.

Os alimentos funcionais apresentam a capacidade de reduzir o risco de doenças crônicas, além da sua propriedade básica de nutrir. Esses alimentos apresentam papel metabólico e fisiológico no desenvolvimento e na manutenção das funções do organismo humano. 

Sendo assim, os alimentos funcionais podem ter importante papel no controle e/ou prevenção da obesidade, assim como na modulação da composição corporal e no controle do apetite. 

Quem me acompanha no blog e nas redes sociais sabe que sempre coloco sugestões de alimentos interessantes para a saúde e muitos deles bem funcionais!!

Quero deixar claro, que todas as condutas que levam a melhora da saúde, da qualidade de vida e a melhor manutenção de peso são importantes, desde que acompanhadas por profissionais capacitados para isso!!

Desculpem o texto longo, mas acho importante passar informações que possam ajudar a entender melhor o que acontece dentro do nosso corpo.

Um abraço e até a próxima!













Fontes: Saad, 2009; Shils, 2009; Cozzolin, 2009; Brunoro 2008; Naves, 2009; Silva, 2007, Nammi, 2004; Paschoal, 2007.

12 de março de 2014

ASPECTOS DA OBESIDADE

Olá Pessoal!


A obesidade é uma doença crônica definida como excesso de tecido adiposo corporal que tem como causa o sedentarismo, a alimentação hipercalórica e influências genéticas.

Ela é uma condição determinada pelo excesso de gordura corporal, mas devido à dificuldade em se obter medidas precisas desta gordura na população obesa, as medidas de altura e peso corporal têm sido amplamente utilizadas para identificar o sobrepeso e a obesidade. Atualmente define-se a obesidade a partir do índice de massa corporal (IMC). O IMC é calculado dividindo o peso corporal em quilograma pela altura em metros ao quadrado. Exemplo: uma pessoa com 1,60m e 60kg fazemos a seguinte conta: 1,6 x 1,6 =2,56. 60:2,56 = 23,4. O IMC normal se situa entre 18,5 e 24,9; sobrepeso varia de 25 a 29,9 e a obesidade a partir de 30.

Outro parâmetro antropométrico importante diz respeito à circunferência abdominal, que não deve ultrapassar de 102 cm no homem e 88 cm na mulher.

Entre as doenças associadas à obesidade podemos citar o diabetes mellitus, as doenças cardíacas, os acidentes vasculares cerebrais, câncer, dislipidemias e hipertensão.

É considerada um dos maiores problemas de saúde pública nos últimos anos, alcançando proporções epidêmicas em vários países, independente da condição socioeconômica de sua população. Tal patologia está associada a um aumento da mortalidade, bem como aumento de recursos financeiros para seu tratamento.

Vários estudos têm demonstrado tratar-se de uma desordem complexa, de forte base genética e de etiologia multifatorial. Apesar de várias evidências quanto á importância genética no desenvolvimento da obesidade, o ambiente obesogênico criado a partir da abundância de alimentos inadequados, o estilo de vida sedentário, a alta exposição a toxinas e o estresse crônico também contribuem para o aumento de sua prevalência.

Dentre os fatores que desencadeiam a obesidade, destaca-se a ocidentalização da alimentação, caracterizada por aumento na ingestão energética e redução da atividade física, aumento na ingestão de ácidos graxos saturados, trans e ômega 6, associado a redução do consumo de ácidos graxos ômega 3, diminuição da ingestão de carboidratos de baixo índice glicêmico e de fibras, além de frutas e hortaliças, reduzindo assim a ingestão de alimentos antioxidantes.

Mas sua principal causa é o desequilíbrio entre a energia ingerida e a energia gasta. O excesso de energia no organismo é estocado nas células adiposas ocasionando um aumento de tamanho ou multiplicação destas células. Falei disso no post passado, lembram?

Nas últimas décadas a população aumentou muito o consumo de bebidas adoçadas, óleos vegetais e alimentos de origem animal e industrializados. Se tornaram mais sedentárias e mais expostas a um nível maior de estresse físico e mental. Todos esses fatores em conjunto exercem forte influência no aumento de peso. 

O Brasil atualmente convive com a transição nutricional determinada pela má alimentação. Ao mesmo tempo em que se observa a redução dos índices de desnutrição, ocorre um aumento da prevalência da obesidade, que vem acompanhada de doenças crônicas. E o pior, nossas crianças estão aumentando o peso!!

Ela pode ser um processo inflamatório crônico, caracterizada pelo excesso de gordura corporal, especialmente visceral. Está relacionada a um estresse oxidativo e redução dos mecanismos de defesa. O tecido adiposo, além de ser reserva de energia é altamente ativo por secretar hormônios e citocinas associadas aos processos inflamatórios. Além disso ocorre um desequilíbrio funcional, com envolvimento de diferentes sistemas do organismo, isso porque o desequilíbrio nutricional, associado à exposição a toxinas promove uma super-estimulação do sistema imunológico, levando a um estado crônico de inflamação, com mal funcionamento da atividade de diversos neurotransmissores, levando a distúrbios de comportamento, com consequente resistência a perda de peso. 

Os adipócitos eram considerados praticamente como células de armazenamento de gordura, mas atualmente, já está claro que eles representam um componente crítico do controle metabólico e endócrino, com efeitos positivos e negativos. 

Uma alimentação desequilibrada, rica em carboidratos refinados, gorduras saturadas e ácidos graxos trans e pobre em frutas, legumes, verduras, alimentos integrais e ácidos graxos mono e polinsaturados, representa um fator importante de estimulação ao processo inflamatório, gerando maior resistência a perda de peso. Além de ser pobre em substâncias fundamentais como vitaminas, minerais e compostos fitoquímicos. Os excessos de ácidos graxos livres e de glicose no sangue promovem alterações na função das células aumentando os radicais livres. Estes, por sua vez, promovem o aumento das inflamações. 

Os indivíduos obesos também são mais resistentes a leptina, hormônio secretado nos adipócitos que atua na regulação da ingestão alimentar e no equilíbrio energético. O estado inflamatório crônico também bloqueia os receptores de leptina, impedindo a sua ação na saciedade. Portanto, mesmo que essas pessoas produzam mais leptina, o seu transporte para o sistema nervoso central fica comprometido.

O tecido adiposo possui uma quantidade muito grande de receptores para as moléculas xenobióticas (toxinas), devido ao seu carácter lipossolúvel, assim, pessoas com excesso de peso, apresentam maiores concentrações de contaminantes ambientais, o que também prejudica o emagrecimento. 

Essas informações são apenas para alertar sobre o perigo da obesidade e conscientizar a importância da sua prevenção. Eu sempre digo que é melhor prevenir do que remediar.

No próximo post falarei de como podemos prevenir e / ou tratar a obesidade através da alimentação. Não percam!!!!

Um abraço!!


Fontes: Saad, 2009; Shils, 2009; Cozzolin, 2009; Brunoro 2008; Naves, 2009; Silva, 2007, Nammi, 2004; Paschoal, 2007.


7 de março de 2014

ALIMENTAÇÃO IDEAL PARA PRATICANTES DE EXERCÍCIOS FÍSICOS





Olá pessoal!

O carnaval acabou e o ano finalmente começou! E junto com ele vem as famosas promessas de início de ano. Tenho certeza que 9 entre 10 pessoas colocam na sua listinha dois itens: praticar mais exercícios físicos e melhorar a alimentação. Por isso hoje vou falar exatamente como aliar esses dois objetivos para finalmente você cumprir suas promessas!

Nosso corpo necessita de energia durante o exercício, e muitas vezes pensando nisso exageramos na quantidade de carboidratos. Esse carboidrato em excesso gera uma energia que se não utilizada será armazenada em forma de gordura. Quando nos exercitamos de forma correta esse excesso, em vez de ser depositado, é utilizado para obtenção de energia. Mesmo que a pessoa continue comendo as mesmas quantidades de antes, ela estará gastando mais. Por isso é tão importante a frequência da prática dos exercícios. Porém é preciso uma alimentação adequada para ter disposição para a prática dessa atividade física e para atingir os objetivos que podem ser desde o emagrecimento até o ganho de massa muscular.

Os carboidratos devem ser consumidos em quantidades suficientes para garantir resistência durante os exercícios. São estocados sob forma de glicogênio nos músculos e no fígado. Nos músculos, funcionam como um combustível. No fígado, servem para manter os níveis de glicose no sangue adequados para alimentar todas as nossas células, inclusive as células do cérebro. Portanto, uma alimentação adequada em carboidratos é fundamental para que o indivíduo tenha um rendimento melhor e demore mais tempo para chegar a exaustão. Há momentos no dia em que é necessário um maior consumo deste macronutriente, como antes da atividade física e imediatamente após, pois o corpo precisa repor seus estoques de glicogênio.

Todas as pessoas, ativas ou não, precisam consumir proteínas em quantidades suficientes para manutenção dos tecidos, dos hormônios, do sistema imunológico e para manter a massa muscular. As necessidades proteicas durante o exercício dependerão do tipo de atividade e intensidade do mesmo. Mas, se a quantidade de carboidratos e gorduras que a pessoa ingere estiver inadequada, a proteína ingerida não conseguirá desempenhar seu papel primordial e será desviada para a produção de energia, já que os alimentos que têm essa função não estão sendo ingeridos suficientemente, gerando uma queda da massa muscular. Praticantes de atividade física que só se preocupam em consumir grandes quantidades de proteínas e esquecem dos outros nutrientes (carboidratos, lipídeos, vitaminas, minerais) dificultam o ganho de massa muscular além de prejudicar seu rendimento durante os exercícios.

A proteína deve ser ingerida ao longo de todo do dia. É importante o seu consumo logo após o término da prática esportiva, para garantir que os aminoácidos estejam disponíveis na fase de repouso, que é onde ocorre a síntese. 

Muitas pessoas consomem os suplementos a base de proteínas com o objetivo de aumento da massa muscular. Na maioria dos casos, essas pessoas já tem um consumo elevado de proteínas provenientes da própria alimentação. Ou seja, não precisariam utilizar tais suplementos. A hipertrofia muscular pode ser conseguida com o consumo adequado de todos os nutrientes presentes nos alimentos, sem a necessidade de suplementos. O consumo dos mesmos pode ser indicado em alguns casos quando a necessidade de nutrientes é maior, comum por exemplo em atletas. Somente o profissional qualificado (nutricionista ou médico) poderá definir essa necessidade.

Os lipídeos são as gorduras, que também têm importante função no nosso organismo. Formam as membranas de nossas células, são utilizados para produção de hormônios e transportam vitaminas lipossolúveis. Apesar de também fornecerem energia, eles não são a melhor opção, pois são utilizados quando o consumo de carboidratos (principal fonte de energia) é insuficiente. Devem ter seu consumo controlado, porque todo o excesso é estocado nos adipócitos, aumentando a gordura corporal.  A qualidade da gordura é fundamental! Gorduras boas são aquelas vindas dos azeites extra virgens, das oleaginosas, das sementes. As gorduras ruins como manteiga, margarina, maionese, gordura hidrogenada, frituras, etc. devem realmente serem evitadas.

Estar bem hidratado é uma condição muito importante para manutenção da vida e melhora do desempenho físico. Durante os exercícios nosso corpo precisa de uma grande quantidade de água para manutenção da temperatura corporal. A falta de água leva a desidratação e alteração na composição dos sais minerais presentes em nosso corpo. A desidratação é a principal causa de fadiga durante a prática esportiva. Portanto beber água durante a atividade física é a primeira conduta para quem deseja atingir seus objetivos. Uma média de 250ml de água a cada 15 minutos já faz muita diferença.

Exercício é vida, é saúde!! E nós somos o que comemos!!! Aproveite este começo de ano para unir a atividade física e a alimentação equilibrada e você conseguirá atingir muitas outras metas da sua listinha com mais disposição e determinação!

Um abraço e até o próximo post!