28 de outubro de 2015

ALIMENTAÇÃO PARA O TRATAMENTO DA ACNE

Olá Pessoal!

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Um problema muito comum e que incomoda muita gente é a ACNE. É sobre isso que vou falar um pouco hoje.

A acne é uma afecção crônica e multifatorial. Pode ser inflamatória ou não. Geralmente surge na puberdade, mas e pode acometer mulheres adultas em casos de endocrinopatias. Localiza-se no folículo pilossebáceo, formado pela invaginação da epiderme que se estende até a derme e abriga a glândula sebácea e o pelo em seu interior. 

São quatro principais fatores que estão relacionados com a patogênese da acne:

- Produção excessiva de sebo pelas glândulas sebáceas, com alteração da composição química, favorecendo a infecção bacteriana;

- Hiperceratinização folicular;

- Colonização bacteriana do folículo;

- Liberação de mediadores da inflamação no folículo e na derme adjacente. 

A testosterona é fundamental para o crescimento e o desenvolvimento da glândula sebácea. A inflamação da acne aumenta quando há uma grande secreção de hormônios na adolescência. O excesso de androgênio em mulheres se dá principalmente pela síndrome do ovário policistico (SOPC).

Os fatores que predispõe à acne são: hereditariedade, estresse emocional, alimentação, androgênios, pressão e/ou fricção excessiva da pele, exposição a certos químicos industriais, utilização de cosméticos comedogênicos ou de determinados medicamentos, como esteróides anabolizantes e corticosteróides. 

A idéia de que a relação entre acne e dieta não tem fundamento já caiu em desuso. A discussão do alimentos que agravam o quadro acneico ainda é controversa. Os alimentos mais relacionados são: chocolate, nozes, produtos lácteos, alimentos gordurosos e condimentados, carboidratos simples, algumas vitaminas e minerais.

A modificação dos hábitos alimentares, com a substituição do consumo de alimentos naturais pelos processados e industrializados contribui e muito para o aparecimento da acne. Estudos mostram que a acne tende a se desenvolver em grupos que ingerem principalmente altos índices de glicose. 

A bactéria P. acnes (muito comum nos casos de acne), produz várias enzimas envolvidas no processo de ruptura folicular e inflamação dérmica. Além das enzimas, essa bactéria produz fatores quimiotáxicos, para neutrófilos e linfócitos, e por meio de fragmentos da sua parede celular, estimula macrófagos a produzirem interleucinas (IL-8, IL-1-beta) e fator de necrose tumoral (TNF-alfa), cuja ação conjunta pode explicar a presença de células inflamatórias nas paredes dos folículos sebáceos. 

O sebo manifesta-se sempre que um antígeno ou estímulo inflamatório apareça na forma de TNF-alfa, IL-1e IL-6. Por outro lado, a produção exarcebada de citocinas na fase de estresse está associada a sintomas como hiperglicemia e hipertrigliceridemia e a síntese do hormônio do estresse (cortisol), o que faz crescer a produção de eicosanóides, hormônios atuantes na formação de agentes pró-inflamatórios, contribuindo para o surgimento de acne.

Uma dieta livre de alimentos processados, cereais, laticínios, açúcar refinado e óleo refinado em conjunto com alto consumo de frutas frescas, legumes, carnes magras, peixes e outros alimentos ricos em ômega 3 pode ser considerada anti-inflamatória, portanto ideal para casos de acne. 

O ômega 3 pode ser benéfico para o tratamento e prevenção da acne por ter a capacidade de reduzir a liberação de prostaglandinas pró-inflamatórias e favorecer a liberação das prostaglandinas anti-inflamatórias, importante modulador da inflamação.  

O corpo humano é provido de 40% a 60% de sebo na forma de triglicerídeos e sabe-se que alguns desses lipídeos chegam a ser capturados intactos pelas glândulas sebáceas em sua forma livre. Alguns estudos sugerem que há um aumento na produção de sebo pela ingestão de gorduras e que uma dieta hiperlipídica pioraria as lesões em razão da secreção de gordurosa das glândulas sebáceas em indivíduos de pele oleosa, com tendência a acne.

Algumas evidências mostram que a dieta induz a mudanças hormonais no que se refere à liberação de prostaglandinas e citocinas inflamatórias que estão direta ou indiretamente relacionadas com o desencadeamento da acne.

É evidente que a composição dos ácidos graxos que formam a fração lipídica da dieta poderia influenciar no agravo da acne, favorecendo o processo inflamatório. O tipo de gordura também é importante. Gorduras boas, com moderação não causam ou pioram acne. Mas o excesso de gorduras saturadas e trans podem piorar o processo. 

O aumento da permeabilidade intestinal ocorre quando estruturas de adesão às células epiteliais são destruídas, fazendo aumentar a permeabilidade de antígenos e reduzir a absorção de nutrientes. Alguns fatores como má digestão, por déficit de enzimas ou hipocloridria, ausência de fatores de proteção da mucosa intestinal, toxinas bacterianas, irritantes químicos, radicais livres e disbiose podem causar e/ou agravar essa permeabilidade intestinal. 

Com o aumento da permeabilidade intestinal, há absorção de macromoléculas tóxicas e antígenos e consequentemente liberação de anticorpos, gerando uma hipersensibilidade imunológica. O aumento da permeabilidade intestinal leva a uma maior perda de vitaminas e minerais. Já é certo que a carência de micronutrientes está relacionada com lesões acneicas.

Portanto, garantir que o intestino esteja saudável é primordial no tratamento da acne. Isso pode ser feito através da utilização de probióticos, prebióticos, fibras solúveis e insolúveis, além da glutamina. 

A dieta de alto índice glicêmico pode estar envolvida na fisiopatologia da acne, pois é importante contribuinte para o desenvolvimento da hiperinsulinemia, a qual tem estreita relação com do desencadeamento da acne. 

A insulina que está envolvida na produção de andrógenos nos ovários, estimula no fator de crescimento, síntese de andrógenos suprarrenais e inibe a produção hepática da globulina ligadora dos hormônios sexuais, possibilitando um aumento dos andrógenos. O aumento dos níveis de insulina pode mediar aspectos patológicos da acne, considerando que uma dieta de baixo índice glicêmico previne e reduz ação hormônio DHEA, importante desencadeador da produção sebácea. 

Outro fator importante é que para liberação de mediadores anti-inflamatórios a partir do ômega 3, são necessárias as enzimas delta-5 e delta-6 desaturase. O consumo elevado de açúcar simples de alto índice glicêmico e gorduras trans prejudica a ação da delta-6-desaturase, modificando o metabolismo de eicosanóides, hormônios atuantes sobre os lipídeos da epiderme. Altos índices de insulina ativam também a enzima delta-5-desturase, aumentando a produção de prostaglandinas inflamatórias. 

O déficit de vitaminas e minerais é uma das causas da acne. Um dos minerais mais citados na literatura como coadjuvante no tratamento da acne é o zinco. Os níveis de zinco no sangue costumam ser menores em pessoas com acne. Sua deficiência pode ser devido hiperpermeabilidade intestinal, estando associada a lesões de pele, cicatrização retardada e resposta imunológica alterada.

Dietas que priorizam a ingestão de zinco (ostra, farelo de arroz, germe de trigo, castanha-do-pará, frango, alho, semente de girassol e abóbora) auxiliam na diminuição da acne e do sebo, reforçando sua ação cicatrizante e anti-inflamatória sobre os comedões por inibição das prostaglandinas. O zinco pode ser um coadjuvante nutricional no tratamento da acne por ser antioxidante, constituinte da superóxido dismutase (enzima antioxidante), modulador da inflamação, cicatrizante e por diminuir a secreção sebácea (pois bloqueia a 5-alfa-redutase, enzima responsável pela conversão da testosterona).

O selênio também é importante no tratamento da acne, pois combate infecções. Ele é encontrado nas carnes, na castanha-do-pará e nos alimentos marinhos. É essencial para a produção da enzima antioxidante glutationa, o aumento desta enzima está relacionado com a melhora da pele. 

O cobre apresenta ação antibiótica local, estimula processos de defesa orgânicos e aumenta a resistência a infecções virais e microbianas. Encontrado em fígado, rins, mariscos, cereais integrais, passas,  e cacau.
A vitamina A é uma grande aliada contra a acne. Pessoas com pele acneica geralmente apresentam níveis baixos dessa vitamina. Ela é encontrada principalmente em alimentos alaranjados.

A vitamina B5 (ácido pantotênico) participa do metabolismo dos nutrientes, síntese de colesterol, nos hormônios esteróides sexuais e na manutenção do córtice adrenal. Essa vitamina é fundamental para a síntese de hormônios sexuais e seu déficit pode promover o desequilíbrio do metabolismo dos ácidos graxos, aumentando a probabilidade de ocasionar acne.

Há um vínculo entre o consumo de leite e derivados no surgimento da acne. A ingestão exagerada de leite animal expõe o indivíduo aos hormônios produzidos pelas vacas. O corpo humano não tolera esses hormônios, principalmente os adolescentes em intensa atividade hormonal. O leite contém hormônios derivados da progesterona e seus precursores ao chegarem no folículo piloso humano seriam detidos pela inibição da 5-alfa-redutase, porém sua ação é bloqueada por completo em decorrência de já terem sofrido essa ação ainda na glândula bovina. Além disso, o leite é um alimento alergênico em potencial. A relação entre leite e a gravidade da acne pode ser explicada pela presença do leite na produção normal de hormônios esteróides ou pelo aumento da produção de hormônios polipeptídicos, como o IGF1, que podem aumentar a exposição de andrógenos, e portanto, risco para a acne.

Há fortes indícios da influência dos alimentos e nutrientes na causa e no tratamento da acne. Resumindo tudo: o ômega 3, alguns nutrientes como zinco, selênio, cobre, vitaminas do complexo B, vitamina A, dieta de baixo índice glicêmico, anti-inflamatória e antioxidante, equilíbrio da microbiota intestinal e combate a inflamação são condutas nutricionais essenciais no tratamento. Para isso: procure um nutricionista! Só esse profissional poderá ajustar a sua alimentação de acordo com suas necessidades e objetivos inclusive em casos de acne.

Um abraço e até a próxima!Resultado de imagem para figuras alimentação saudavel

Fonte: Nutrição Aplicada a Estética - Ana Paula Pujol - 2011.